quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A vida como ela é

Chegou a idade adulta e era hora de se mudar para a cidade. Enfim, 18 anos. Hora de “crescer” na vida, estudar mais, vir a ser. O corpo alto e magro, discurso direto e real. Capaz de um silêncio perturbador. Mudou-se para a casa dos tios (que já não viviam exatamente no interior – apenas na “periferia” da capital). A convivência era o que se pode chamar de “pacífica”. O menino trabalhava pela manhã, almoçava arroz e feijão, batia ponto na academia de porão do vizinho e à noite ia para a faculdade.

Este era o começo da história que imaginei. Daí, ele saía para estudar – passando pela cozinha e olhos sobre a família, dizia: “Até mais!”. E pensava: “não quero conversar com eles, já que não temos nada a dizer”. Não, um instante. Na verdade, ele pensava: “conversamos mais tarde – apesar de que este 'mais tarde' nunca chega”. Ainda não, refazendo – ele saía para estudar e pensava: “adoro tanto todos eles, gostaria de mais tempo para conversarmos”. Ou melhor, ele saía e pensava o que dizia: “Até mais!". O pensamento pode ser um grande absurdo.

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