sábado, 18 de julho de 2009

O Cambodia


Passaram-se 10 dias desde que cheguei na Malásia. Nesses 10 dias, passei 5 no Camboja, um país que tinha muita cuirosidade em conhecer, com amigos do comitê organizador da conferencia em que vim trabalhar.

Sair da Malásia e chegar ao Camboja foi um grande choque cultural.


O Camboja é um dos países mais pobres da Ásia, com uma população de 10 milhões de pessoas. Sendo que 2 decadas atrás em torno de 2 milhões foram mortos em um genocidio cometido pelo então rei Khmer Rouge.

Crianças brincam ao redor de um antigo campo de concentração em Pnhom Penh

A pobreza no Camboja não é diferente da pobreza vista no Brasil, mas enquanto no Brasil se vê uma certa mobilização para mudar e crescer, o Camboja ainda está ligado ao seu passado de guerra, dependente de ajuda estrangeira e do turismo insustentável.

Museu conta história dos mortos na guerra

O choque cultural é inevitável: motos, tuk-tuks, ausência de sinais de transito, crianças trabalhando, pessoas pedindo dinheiro e uma população extremamente sorridente.


Como Jia, uma cambojana de 16 anos que conhecemos. Ela vende livros nas margens do rio em que turistas estrangeiros, de passagem pelo país, lotam restaurantes. Jia nos contou que sua mãe, também vendedora de livros, está doente e não trabalha há 1 mês. Seu pai é motorista de tuk tuks e não pode mais trabalhar. Ela e o irmão, motorista de tuk tuk, são quem levam dinheiro para casa.Já eram 11h da noite e Jia, sempre sorrindo, ainda vendia livros na rua.Uma rotina de estudar pela manha, almocar e ir vender livros para os estrangeiros, compartilhada por grande parte das crianças do Camboja.

Jia

O Camboja é uma país para quem quer se aventurar. A maior parte da população não fala inglês, aumentam os preços e a infra etsrutura é precária. Dar uma volta na rua é sempre exótico aos olhos de alguém do ocidente: transito caótico, monges budistas, macacos e elefantes.



Elefantes em Angkor

A grande atração do país é um dos seus maiores legados para da humanidade: os templos de Angkor, um complexo enorne com dezenas de templos. Foram construídos em grande parte em torno de mil anos atrás, para servir de residência ao rei do Imprério Khmer e em devoção a budas e deuses do hinduísmo.

Templo de Angkor: maior templo religioso do mundo

Os templos ficam no meio de uma floresta. Os anos se passaram, e com a guerra da década de 70, minas terrestres foram colocadas em todo o território do camboja, inclusive nos arredores dos templos de Angkor.

Arvore cresce sobre as ruinas do templo

Emma (China), me, Niddhi (India), Katja (Germany), André (Brazil), Giuliano (Italy)

sábado, 11 de julho de 2009

Cheguei na Malásia!

Varanda do apartamento do Lucas: Petronas Towers

Enfim cheguei à Malásia! Vim aqui para organizar a conferencia internacional da AIESEC para 1000 jovens lideranças de 110 paises sobre diversidade cultural, liderança e como gerar mudanças positivas na sociedade. Ficarei 2 meses trabalhando nisso com 55 jovens de quase 30 paises, morando juntos Kuala Lumpur.

Destinos um tanto exóticos


Petronas Towers: mais de 100 andares

Por sinal, que lugar longe! Foram ao todo 25h de viagem só em aeroportos, fora os deslocamentos sempre necessários. Daí deu mais de 30h.

O avião chega na Africa

Fora o fato de que nas últimas horas, parecia que eu ia morrer de cansaço dentro do avião, a experiência de viajar meio mundo foi bem interessante.


Vi o sol nascer 2 vezes e se por 2 vezes. Algo que confundiu minha cabeça. Não sabia se dormia ou se ficava acordado. A Malásia está a 11h a mais do que o Brasil. Se aí são 21h, aqui são 8h da manha. Isso desregulou um pouco meu sono. Cai no sono às 16h aqui e acordei agora, às 3h da madrugada. Com a sensação de ter acordado às 10h naquele típico domingo bem dormido.

Noite no Brasil, dia na Malásia

Alem desse fato curioso, pude ver o sol se por na savana africana, algo incrível de bonito. Que me lembrou de uma cena do filme de Benjamin Button, interpretado pelo Brad Pitt, em que ele fala que `na vida, temos que viajar, ver e sentir coisas que nos emocionam`.

O sol nasce na savana africana

Conversei 8h com um brasileiro que trabalha com engenharia em Luanda. Ajudei uma mulher de Botswana no aeroporto a se comunicar com a companhia aérea e viajei so com pessoas gripadas.

Uma nova amiga da argentina: falamos portunol durante toda a viagem

A passagem pela escala na áfrica do sul, me deu uma pequena noção do que possa ser aquele continente. Do avião se via savanas, campos, praias. Passamos por cima da Namíbia e descemos em Johanesburgo. Ao cruzar o oceano indico, passamos por cima de Madagascar, das ilhas mauricio, maldivas, indonésia e chegamos ao futurístico aeroporto de Kuala Lumpur. As coisas lá funcionam extremamente bem.

Da janela do trem se vê um país de longe muito parecido com o Brasil

As minhas primeiras impressões da Malásia vão para as coisas que mais se vê por aqui: muita comida, indianos, malaios, mulçumanos, árabes e chineses.

Moda local

O fato da companhia aérea nacional estar nas notas da moeda local, de ter um shopping como ponto turístico nacional, um esforço da população para falar o básico do inglês e um padrão de beleza ocidental se difundindo localmente parecem indicar uma preocupação nacional em tornar a malásia um centro de negócios na Ásia.



É um pais com muitos mulçumanos. Interessante ouvir nas ruas os cantos vindo das mesquitas mulçumanas, essa é uma daquelas cenas que arrepiam os braços e te dá noção de que você não está em casa.

Mulçumanas tiram foto cobertas com véu: mas quem é quem na foto? Observem a revista na mão de uma delas: o padrão de beleza e compra ocidental parece não bater com a forma delas se vestirem.

Os hinduístas também estão aqui. De frente para o prédio do Lucas, brasileiro que está trabalhando em KL, está um templo hinduísta. Lá as pessoas se vestem parecido com os personagens da novela das 8: caras pintadas, panos brancos amarrados. Pena que não entendi nada do significado dos deuses com forma de animais, das oferendas e das roupas diferentes. Sabia apenas que tinha que deixar meus chinelos na porta.

Piscina, templo hinduista e trem de um trilho só

O cheiro da comida nas ruas é bem marcante, cheiro de temperos fortes. Muita pimenta. Ontem almocei em um restaurante indiano com uma menina da Bulgária que esta trabalhando aqui pela AIESEC e uma argentina que está rodando pelo mundo. O indiano teve que me explicar o que era cada prato, todos com muita pimenta, claro.

Comida indiana: pimenta e mais pimenta
Mãe, sabe os bifes empanados com farinha de rosca aí de casa? Aqui eles empanam com pimenta.

Depois de compartilhar a experiência da Salome (uma amiga do Equador que esta morando no Brasil) com infecção intestinal =P vou tomar cuidado com o que como por aqui.


O fato de não entender a cultura local, de onde vêm esses indianos, chineses, quem na verdade são os malaios? Essa mistura toda não parece fazer sentido para mim, que vim de um pais formado por índios, africanos e europeus católicos. Uma mistura tão compreensível. Pudera, já que me falam dela desde que nasci.

Comida chinesa em todos os lugares

Comprei um livro sobre a malásia e o camboja. Quero estudar sobre o país, entende-lo.

Essa semana já começam a chegar meus colegas do comitê organizador do IC – International Congress da AIESEC. Cada um procurando um canto em KL até nos mudarmos semana que vem para morar juntos e começar a trabalhar.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

2009

Eu começei esse ano muito empolgado pois sabia que era um ano decisivo. Fim de curso, muitos sonhos e idéias na cabeça. Vontade de realizar, fechar ciclos antigos e dar novos passos.


Essa idéia me motivava muito. A idéia de que em 2009, o mundo se abria em oportunidades e que que cabia a mim correr atrás e aproveitá-las. Uma vontade de fazer, de hora certa e lugar certo. Dificil explicar.


Um ano de transição.


Nunca fiz tantas coisas ao mesmo tempo como em 2009. Com essa forte vontade de fechar coisas antigas e abrir caminho para novas, acabei assumindo muitas responsabilidades. Aprendi que isso não deve ser feito.


Entre estágio em um projeto ambiental e escrevendo projetos para captação de recurso junto do Ateliê de Idéias, passando pelo meu papel como presidente da AIESEC Vitória, aluno de engenharia da UFES, graduando com trabalho de conclusão para ser entregue e fazendo curso de espanhol nos sábados. Fora a idéia de construir um negócio social, que me levou a buscar financiamento em um projeto de tecnologias limpas com a Ashoka e mais tarde a desenhar a idéia de uma teia capixaba de responsabilidade social no ES.

Se minha agenda fosse fechada e eu tivesse 100% de energia focada nessas coisas, para tudo dar certo meu tempo teria que fluir no ritmo de trabalho que temos naqueles melhores dias, em que tudo dá certo e todo o planejado acontece.


A academia perdeu um seguidor nos últimos tempos, pela falta de tempo descuidei do lazer também.

Li uma reportagem da Mckinsey uma vez que falava sobre fluxo de energia. Em resumo, é como as pessoas gastam e como recarregam suas energias. Saber de onde ela vem e para onde ela vai, segundo o texto da Mckinsey, é sinal de autoconhecimento.

Desde então tendo pensado a respeito. Percebi que o que mais me repõe energia é estar com gringos ou trabalhar em ambientes internacionais, ler sobre sustentabilidade, RH e negócios sociais, assistir os Normais e conhecer uma cidade nova ou fazer algo novo. E o que mais me tira: relacionamento com pessoas (no sentido de aprender a lidar e ceder para conviver).


As experiências são incriveis e os desafios são enormes. Quando penso na minha expectativa de inicio de ano, sinto a mesma motivação e vontade de realização. Mas preciso renovar a energia.


A minha experiência como presidente da AIESEC Vitória é fantástica. Ver uma organização em seus pontos estratégicos, falhas, comunicar essa organização para membros e externos, tomar decisões. Sinto apenas que não tem sido plena, ou melhor, consigo enxergar que poderia ser diferente, porque grande parte da minha energia não está indo para essas coisas que mais valorizo, mas para resolver conflitos entre pessoas.


Esta semana me despedi de uma grande amiga, que acaba de viajar para a Alemanha. Provavel que só vá reencontrá-la no final de 2009. Ir ao aeroporto dizer "tchau" para ela, me trouxe a estranha e inexplicável sensação de que na próxima semana sou eu que vou embarcar. Destino: Malásia, para organizar a conferência internacional da AIESEC, com quase mil jovens de 110 países.

É uma sensação que mistura frio na barriga, grandes responsabilidades, expectativas de realizar um grande evento, viver uma cultura muito diferente da minha com o peso de ter escolhido, planejado e defendido ter essa experiência neste ano.

30 horas de voo, 11h a mais no fuso horário.


Como disse, este é um ano de transição. Alguns erros já começam a ser percebidos, alguns ciclos já começam a ser fechados e já vejo novas experiências no horizonte. A vontade de fazer acontecer está mais forte do que nunca.