sábado, 17 de julho de 2010

Delhi, Agra e o Rajastão: uma jornada inesquecível

Ufa, que aventura!

Depois de umas idas e vindas pela Índia em fins de semana e feriados, pude finalmente tirar alguns dias a mais – 9, que viraram 10 – para me jogar em algum canto do país!

A princípio, a viagem seria bem para o norte, entre cidades beirando o Paquistão de um lado e o Nepal do outro. A idéia era ver a neve, o Dalai Lama e os soldados na borda com o Paquistão, em uma cidade mais para o lado da Caxemira – região em eterna disputa entre Índia e o vizinho muçulmano.

Rota: De Deli a Jaisalmer

Passagens compradas e parceira de viagem arranjada (brasileiríssima Jhessica de Londrina), o planejamento se resumia a um bilhete de ida e um de volta para Nova Déli. Eis que um dia antes, a gente realiza que a Índia está no verão escaldante de 40-50 C e não vai ter a neve que a gente queria ver. Rumo a Déli já dentro do avião, um novo destino: vamos ao Rajastão!

Jhessica e eu

A empolgação tomou conta. O Rajastão é o estado de palácios, reinos, fortes,...um estado de histórias. Também o estado mais quente da Índia, literalmente tosta-se no Rajastão. Nessa época do ano, 50 graus é uma temperatura comum. É um lugar de cores, roupas coloridas e homens bigodudos. A empolgação era de como a gente fosse entrar em uma grande história de ficção nessa viagem de 9 dias. E realmente foi assim.

Do escritório em Mumbai, nos enfiamos em um tuk tuk direto para o aeroporto para pegar o vôo para Déli. No aeroporto, em uma TV sem som em um restaurante em que não pedimos nada para comer, vimos a desgraça: o Brasil perdeu para a Holanda! Triste. Mas a idéia de ir ao Rajastão me fez esquecer isso rapidinho.

O vôo atravessa a Índia em direção a Nova Déli. O que esperar?

Capitulo 1 da história...

- Nova Déli -


Déli: fiação e caos

De Déli, sempre me vem a cabeça o filme “O dia depois de amanhã” em que a cidade aparece em meio ao caos coberta pela neve do aquecimento global. Pois é, só um fenômeno ambiental desse tamanho para endoidecer o clima e congelar a cidade. Déli é o inferno na terra. Poluída, caótica, lotada, suja e absurdamente quente.

Para andar: homens de um lado, mulheres do outro...

Fomos para casa da Letícia, uma brasileira trabalhando na Tata em Déli. Ela divide um apartamento com outros gringos – entre eles uma japonesa cabeça aberta que comprou uma moto e roda o caos de Déli dirigindo e uma holandesa feliz da vida pela vitória contra o Brasil.

Letícia não sai do quarto dela - com ar condicionado. A diferença da sala para o quarto é absurdo. Um vapor quente te sopra a cara. Em poucos minutos, o suor já tá pelo corpo todo. Daí volta todo mundo correndo para o quarto. Mas a gente não tinha escolha – viemos para bater perna. Deu 8h da manhã e já estávamos na rua em meio ao caos, tentando pegar um ônibus para o lugar em que o Lonely Planet apontava como “Cidade Velha” ou “Old Delhi”.

Tuk tuk brasileiro

E que dificuldade! Arranhando o híndi, somos jogados de um lado para o outro da rua até achar o ponto de ônibus certo. Achou? Sim, só que pegamos o ônibus errado! Depois de umas horas perdidas chegamos ao forte de Déli na cidade velha. As ruas são um caos de comércios e bazares, fiações dos prédios caem sobre os pedestres nas ruas, tuk tuks, motos, gente e mais gente. Poluição e de tudo se vê: crianças pedindo dinheiro, indianos fazendo chapatis (um tipo de pão), homens mutilados, mulheres de sári, templos, vacas, sujeira e do outro lado da rua o imponente forte.

Azul no branco

Parece que um tal imperador Mugal ou Mogul ou algo do tipo reinou a índia por um tempo e os seus fortes e palácios estão espalhados por todo o norte do país. O engraçado é que para entrar no forte, tem fila para indiano (15 rupias) e estrangeiro (250 rupias). Mas a Letícia deu para gente um dos melhores conselhos de viagem – se você mora na Índia o governo te dá uma permissão de residência com sua foto, endereço, e isso te da o direito de pagar como indiano!

Eis que vamos da fila vazia de gringos para o caos da fila de indianos. Para quê? Chamar a atenção, não é? Os indianos riem, fazem piadas, gritam que a gente não é indiano, pelo menos uns 5 vem nos agarrar pelo braço para apontar a fila de gringos. Orgulhoso, a gente manda um “Mai firange hoon aur mai Hindustan mai reh raha hoon” (sou estrangeiro e moro na Índia).

Esclarecido o preço a ser pago, ainda assim empurram a gente para fila de gringos. A gente vai, e dessa vez paga como indiano. Na índia, tudo é assim, tem que saber levar as coisas.

O desafio em seguida é saber como vamos viajar de Déli para Agra. Não temos passagem de trem, ônibus, nada. Mas sabemos que temos que estar em Agra no dia seguinte. Depois de almoçar uma galinha com cheese naan (um tipo de pão de queijo indiano) e sermos barrados na maior mesquita muçulmana da Ásia (eu pelas condições da minha roupa – mostrando as pernas- e a Jhessica pelas regras de orações que não permitiam mulheres naquele horário), vamos para estação de trem tentar uma passagem.

Na estação, para andar você precisa pular pelos amontoados de pessoas dormindo no chão. O caos é completo – onde comprar? Onde se informar? Ninguém sabe de nada. Só a fila de “dúvidas” tem pelo menos umas 100 pessoas amontoadas em um calor de mais de 40 graus. Sem bilhete, nem nada, somos arrastados no meio da rua e em meio aos gritos e ofertas de vendedor de verdura a motoristas que não desistem de te perseguir, insistir que você entre no tuk tuk, mesmo depois de você dizer nahi (não) 50 vezes, gritar para ele ir embora. Na Índia parece que “não” significa: ”por favor, persista que eu vou acabar aceitando”.

R$0,40 para carregar a gente

Acabamos levados por uma bicicleta-tuk tuk: o cara te leva no carrinho agarrado na bicicleta e sua todas as gotas de suor do corpo dele para te atravessar em meio a uma caos que eu não tenho palavras para explicar. É indescritível. Um esforço que queima a pele dele diariamente de sol e uma poluição que destrói os pulmões (Déli é a cidade mais poluída do mundo) por uma corrida de 30 minutos que custa 40 centavos em direção a um tal de “Portão da Caxemira”, de onde ouvimos dizer que saem ônibus para todos os lugares. Saem nada.

De lá nos enfiamos em outro ônibus, parecia que a aventura em busca do ônibus para Agra ia durar o dia todo. Finalmente, em meio a um mar de ônibus parecendo que saíram do ferro velho, verdureiros e poluição, ouvimos os gritos do motorista: “Agra, Agra, Agra!” Pulamos de felicidade! Depois de horas buscando em meio ao caos da capital indiana, compramos a passagem por 7 reais e vamos em busca do Taj Mahal – um monumento fabuloso do amor de um homem por uma mulher.

- Agra -

O Taj Mahal: uma pintura no céu

Depois de 5h30 chegamos a Agra. Era quase meia noite. O motorista deu uma piscada para gente como se dissesse: “esse breu é o ponto final, mas eu deixo vocês em um lugar onde vocês podem dormir”. Que nada, na mesma hora, os motoristas de tuk tuk fizeram um escândalo na estação – se eles vêem estrangeiro, quer dizer que vão faturar. Faturar significa não deixar nenhum motorista dar carona para ninguém. Aos berros dos motoristas de tuk tuk, tivemos que sair do ônibus. Puxados de um lado para o outro a preços exorbitantes para nos levar ao centro da cidade, percebemos que a vida de gringo em Agra não ia ser fácil.

Basicamente o que fazíamos quando chegávamos era olhar no guia do Lonely Planet alguns albergues recomendados, baratos e perto das atrações principais da cidade. Em Agra, tinha que ser nas redondezas do Taj. E lá fomos da estação ao albergue discutindo preço com o motorista. Ele concordou um e chegando, queria o dobro. Dei-lhe a porta na cara e lá ele ficou nos esperando, com medo dele ficar na porta a noite toda, voltei e joguei umas 30 rupias a mais na mão dele e amargurado, ele foi embora.

Do terraço do albergue, em meio ao caos da cidade-favela que cresceu ao redor do Taj Mahal – aproveitando o dinheiro do turismo –uma gringa me pegou pela mão e eu - cansado da viagem, do empurra-empurra, dos golpes – fui levado escada acima para ver entre os terraços dos vizinhos, a cobertura branca de um palácio de mármore reinando entre as estrelas no céu e a neblina na noite. O Taj Mahal parecia como em um conto de fadas.
No dia seguinte, acordamos tarde e fomos direto ao Taj. Nosso golpe do “residente na Índia paga igual indiano” não funcionou e tivemos que desembolsar 750 rupias (30 reais) para entrar – indianos pagavam 1 real. O calor estava absurdo, 1 garrafa de água acabava em 30 minutos e o suor caia sem parar. Entramos pelo portão esquerdo do palácio e virando a esquina dos palácios menores, avistamos o Taj.

Bonito além do que posso explicar

A beleza do palácio é algo que eu não consigo explicar. De frente, é como se o Taj fosse uma pintura feita no céu. O mármore branco e o céu azul se misturavam. Tiramos fotos, fotos e mais fotos em todas as poses possíveis. O Taj é uma das 7 maravilhas do mundo e foi construído por um homem para servir de tumba a sua mulher amada. Dentro do palácio, em meio ao vazio do mármore, a escuridão e ao som que ecoa, está enterrada a esposa. Bem no centro.

1 minuto antes de ser atacado por um grupo de macacos

Hora de planejar o próximo destino, no empurra-empurra da estação de trem de Agra conseguimos uma passagem de um lado e do outro o mão-leve leva minha máquina fotográfica! A passagem é assim: chama-se “passagem geral”, você tem que ver onde tem lugar no trem e daí lá pagar a diferença. Lugar no trem? Na Índia? Se não tiver, você tem que se enfiar na segunda classe, onde as pessoas tão penduradas até para o lado de fora. Rodei o trem todo com a ajuda de um indiano procurando um lugar vazio em uma classe melhor. Eis que o trem começa a andar e Jhessica do lado de fora com todas as malas. Não dá nem tempo de eu sair e entrarmos na classe certa, ela desesperada joga as malas para mim, empurra a galera pendurada na porta e se joga dentro do trem.

aliviados no trem: porta do banheiro

Aliviados, a gente joga a mala no chão – entre criança, periquito e papagaio, de um lado a porta aberta para a estrada e do outro o banheiro fedorento. Sentados no chão, por 3 reais a gente toca o barco para Jaipur “a cidade rosa” – 6 horas adiante.

- O Rajastão –

Entramos no Rajastão, cuja capital é Jaipur. Uma ligação para alguém-que-conhecia-alguém e conseguimos uma casa para ficar. É um cara que faz parte da AIESEC Jaipur e hospeda vários gringos – tipo a Carol fazia em Vitória. Só que a Carol oferecia muito mais conforto e não cobrava. Esse cara e a irmã dele acharam um jeito de fazer dinheiro alugando espaço na própria casa deles para os gringos da AIESEC Jaipur – que são muitos. Chegamos lá e somos convidados para uma festa no “terraço”, uma roda de gringos debaixo do calor infernal às 10h da noite bebem e cantam na roda. Cansado, vou dormir.

Greve de tudo

Uma greve toma conta da Índia, os motoristas de tuk tuk, trem, ônibus, jegue,...todos pararam de trabalhar e o governo decretou feriado já que ninguém consegue chegar em lugar nenhum. Só que a gente em casa é que não fica. Conseguimos um tuk tuk, que a uma taxa exorbitante, nos leva ao forte de Amber no outro lado da cidade.

Forte de Amber em Jaipur

O forte é lindo e cercado por uma muralha que lembra a muralha da China. Para subir ao forte, adotamos um transporte pouco convencional – o elefante!

Tira a foto logo

Tinha um estacionamento de elefantes na base do forte, “alugamos” um e fomos morro acima. Os bazares em Jaipur estavam fechados, depois de longa caminhada pela cidade rosa e uma chuva de monções, pegamos o tuk tuk e rumo ao próximo destino: a cidade sagrada de Pushkar.

Uma casa longe de casa longe de casa: o albergue dos insetos

Segundo o hinduísmo (religião de 80% dos indianos), o Deus da criação Bhrama derrubou sobre a terra uma flor de Lótus e a flor originou a cidade de Pushkar no coração do Rajastão. O hinduísmo é uma religião bem interessante, tem mais de 30 milhões de deuses e histórias épicas que parecem ter saído direto de um filme do tipo “As aventuras de Nárnia”. É mais legal acompanhá-las do que a novela das 8.

Águas sagradas

Segundo as escrituras sagradas, o Deus Bhrama estava em uma celebração nas margens do lago de Pushkar e esperava sua esposa – que não chegou. Revoltado ele se casou com outra mulher. Enfim, quando a esposa chegou e o viu casado com outra, se revoltou e amaldiçoou Bhrama. Disse que em nenhum lugar do mundo as pessoas iriam orar para Bhrama, abrindo exceção para Pushkar. Assim os indianos que querem orar para o deus da criação devem vir a Pushkar uma vez na vida, pelo menos.

Pushkar é uma cidade diferente de tudo que já vi na vida – rodeia um lago sagrado onde está o Deus Bhrama e onde também foram jogadas partes das cinzas de Mahatma Gandhi. Vir a Pushkar significar “limpar o corpo e o espírito” e assim, as margens do lago, as pessoas se banham, fazem celebrações, oferendas. Isso em uma paisagem exótica com vacas até dentro das casas, pombos voando para todos os lados. Na beira do lago, diante de toda a cena, a gente não sabia se comportar. As mulheres tiravam os sáris e peladas nadavam no lago, os homens em grupos todos de cueca, senhores vinham com as famílias, traziam cocos, frutas e sentados em uma fileira, faziam uma celebração – ou pooja.

Rosa e coco no rio, depois comida para os pombos

E era para essa pooja que fomos abordados pelo menos umas 100 vezes durante o dia – alguém se dizendo um “homem sagrado” vem para você, te dá umas flores e insiste que você vá ao lago e faça a oferenda. Nunca aceitamos, mas certamente essa “oferenda” não acaba nas flores, o dinheiro deve vir logo em seguida. Até um “homem sagrado” nos seguiu, quando viu que a gente alugou bicicletas e podíamos ir rápido, ele pegou uma moto e veio atrás da gente! Quanto mais gritávamos para ele parar de nos seguir, mais ele vinha. Tivemos que correr e nos esconder em meio às ruelas da cidade.

Lugar de leito

Abençoados em Pushkar, compramos a passagem “de leito” de ônibus para Udaipur – leito eu imaginava uma cadeira para reclinar. Não era. Era literalmente um cubículo duplo para se deitar completamente espremido. Depois de muito rirmos até se acostumar, em alta velocidade, rumamos para a cidade romântica da índia – Udaipur.

Palácio de Udaipur

8 horas depois, chegamos. O tuk tuk já nos esperava no ponto de ônibus. Por 40 rupias, nos levou ao albergue que a gente tinha achado no guia. Eles recebem comissões de albergues para levar os turistas para lá, então ele vai te dizer tudo “que o seu albergue fechou, pegou fogo, foi vendido”. No nosso ele nos levou na porta e disse que o albergue tinha fechado (realmente parecia, mas talvez porque eram 5h da manhã), daí surge outro cara na moto confirmando que o albergue fechou e nos dando o cartão do albergue dele. A gente insiste em ficar e bate na porta umas 10 vezes – até que vem alguém e nos recebe. O albergue não fechou nada. Vontade que me deu foi de pular no pescoço do motorista do tuk tuk.

Índia e seus esteriotipos: fala de saneamento, sáris e palácios

Descansados, hora de ver a cidade. A primeira impressão era uma cidade sem nada de “muito especial”, já que para a atração principal – um palácio que fica no centro de um lago como se estivesse flutuando – o lago estava metade vazio! Ao longo do dia, vamos descobrindo as belezas de Udaipur. Nos enfiamos no lago “metade vazio” e começamos a tirar fotos que, junto do entardecer, ficaram lindas. A vista da cidade de dentro do lago estava linda, romântica – parecia até um pouco com Paris! Mas as vacas, os caramujos para todos os lados, os hindus tomando banho e uns 20 homens em cada esquina te olhando lembravam que era a Índia!

Vendendo a própira história

Conhecemos uma família que o pai fazia instrumentos e tocava musica na beira do lago enquanto a mulher vendia bijuterias e chamava a atenção das pessoas para o marido dela – ao mesmo tempo em que tomava conta dos filhos pelados e sujos que insistiam em descer até o lago. Ela nos mostrou fotos de gringos comprando as bijuterias dela, indo na casa de barro dela no meio do deserto e fotos do marido em jornais locais. Eles exploraram cada recurso que tinham – a própria vida e o trabalho manual – em troca de rupias que não vão além do dia seguinte.

Ao som da música no entardecer do lago e com a história dessa mulher na cabeça, corremos para pegar o ônibus para a próxima cidade. Mas antes tomamos um chá e uns biscoitinhos com a família dona do albergue que ficamos – uns amores. A noite veio e correndo subi ao terraço, pulei na casa do vizinho, tudo para tirar uma foto do “palácio que flutua sobre o lago” – lindo, como em um conto de fadas o palácio branco brilhava e refletia as luzes como se surgisse de dentro do lago.

Mais apaixonado, peguei outro ônibus e mais 8h de viagem até a cidade toda azul – Jodhpur.

Mar de casas azuis

Jodhpur estava o absurdo do quente – 45 graus pelo menos. A cidade azul rodeia um palácio maravilhoso que fica em um topo de uma colina. Depois de a Jhessica fazer uma tatuagem de henna nas mãos - que sumiu com o suor 1 hora depois – subimos embaixo de um sol escaldante até o palácio. De onde tivemos uma das visões mais belas da viagem. Ao olhar das sacadas do palácio, um mar de casas azuis perdidas no seco do deserto. O azul que eles usam para pintar as casas traz um efeito contra mosquitos e uma sensação de que faz “menos calor”.

De fato faz se comparado ao próximo destino – Jaisalmer.

Forte de Jaisalmer

Jaisalmer está encravada no Deserto do Thar, que divide a Índia e o Paquistão. A idéia do deserto e de estar próximo ao Paquistão me empolgavam profundamente. A cidade é conhecida como “cidade dourada”, porque as casas, ruas, prédios e o maravilhoso palácio de Jaisalmer parecem ter sido feitos de areia do deserto! E ao sol escaldante de 50 graus, tudo fica dourado. Até uma bolha de água de queimadura apareceu nas minhas costas. As ores das roupas, tecidos, misturados nessa paisagem dourada deixam a cidade mais linda.

Compramos um chapéu a La Ali BA e fomos nos perder entre as ruas e casas de areia e o palácio lindo de morrer. Pela tarde arrumamos um passeio de índio: ir de camelo até o deserto e dormir nas dunas! Pegamos um jipe junto de outros gringos – incluindo uma brasileira – e fomos 65 km em direção ao Paquistão. Lá nossos camelos nos esperavam, fofos a principio. Depois de 2 horas em cima do camelo no meio do deserto, chegamos às dunas em que íamos dormir.

A noite veio e tudo ficou um breu, apenas com os milhares de estrelas no céu. Fizemos uma fogueira e cozinhamos comida indiana até um escorpião vir e a galera começar a se preocupar com a hora de dormir.

Bem dormir no deserto é uma experiência que recomendo, apesar de que você acorda forrado de areia. Vimos o sol nascer e vagamos sozinhos pelas dunas – certamente um dos melhores momentos da viagem.

De volta aos camelos, o meu estava nervoso quase me derrubou umas 3 vezes. O jeito foi ir de carona no camelo da Jhessica. Na volta visitamos vilas e pessoas que moram no deserto – como elas conseguem? Ainda arranjamos tempo de jogar uma partida de críquete com as crianças.

Crianças no deserto: calor e pobreza o ano inteiro

De volta a Jaisalmer, pegamos um trem para Deli. O trem cruzou o deserto e uma tempestade de areia demorou 3 horas para passar, deixando todo mundo com areia em todos os lugares. 19 horas depois chegamos a Nova Deli. Como nosso vôo foi cancelado, acabamos convidados para festa de um indiano cheio da grana que adora gringos – algo que beira a esquizofrenia. Ele chamou todos os gringos possíveis de Nova deli, chamou fotógrafos, alugou um sitio com piscina, botou um telão e com as malas na mao e juntos da Letícia, caímos na piscina, bebemos e comemos de graça, assistindo ao final da Copa do Mundo.