quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Out of Africa

Um exercício de gratidão: sou grato a África do Sul. Obrigado. Você me surpreendeu muito positivamente. Decidi tirar férias – algo que não sei bem fazer. E já que estaria de volta a Índia – saindo do Brasil, a África estava no meio.


Passei 15 dias entre viagens pela península do Cabo e nos estados do norte. Sabia pouco sobre a África do Sul e tenho a impressão de que continuo sabendo (pouco, quero dizer). Queria entender melhor o sistema do apartheid. Entendi menos do que esperava. Talvez não fosse mesmo para entender. Ou talvez seja um convite à volta.


A Cidade do Cabo e as suas vizinhas na Península são maravilhosas. Faltam palavras para descrever tanta beleza. Casas bonitas, cidades bem organizadas, mar de azul límpido, penhascos “caindo” no mar e gente bonita. Aliás, muita gente bonita.

Usei o sistema de “couchsurfing” – uma plataforma online em que você busca e oferece “um sofá” para viajantes e com isso tem a oportunidade de fazer novos amigos, mostrar sua cidade e sua cultura. Em resumo: não paguei nada com acomodação, fui super bem recebido e conheci muita gente bacana.

Camps Bay: umas das praias mais bonitas que ja conheci

Meus anfitriões foram, por sinal, pessoas muito interessantes. Por exemplo, um casal formado por um quarentão americano e uma jovem austríaca – que sem trabalho, sem família e com um filho, se mudaram para a África. O marido planeja organizar um pacote para levar turistas de bicicleta da Cidade do Cabo ate o Cairo (ou seja, cruzando o continente africano). Mas por enquanto só planeja, e bebe, e fuma. Nos jantares “em família”, estava me sentindo como na gravação do próximo “big hit” do cinema de drama americano. E a impressão era de que os dois iam ganhar o Oscar.

Pizza de abacate com bacon e vinho na mesa: casa do Marteen (este nao e o quarentao de quem eu falava =)

Outro anfitrião era um alemão que comprou uma casa na África em 2004 e fez um pequeno “hotel” em que recebe no máximo três hospedes por vez. Ele desenvolveu um espaço em que o hospede pode (alem de surfar na praia paradisíaca) aprender sobre arte e obras de arte. Interessante? Bastante. Mas parece que não está dando dinheiro. E daí meu breve “mergulho” na personalidade dele, para encontrar uma pessoa fascinante, ainda que incomodada pelo “difícil” passado na Alemanha e pelos “sul-africanos” do presente – que “fazem obras de arte baratas e são falsos”.

Arte na casa do alemao Andre Pilz

Encontrar pessoas foi um grande prazer porque sou da crença de que o mundo tem muita gente interessante. E que damos uma chance a nós mesmos quando abrimos o coração e os ouvidos para pessoas novas no caminho.

Almoco com empreendedores do The HUB da Cidade do Cabo

Também radicalizei nos esportes. Mergulhei com tubarões brancos de mais de 2 metros. A mistura de medo e o balanço do barco me fizeram vomitar nada menos que 4 vezes. Eles te colocam em uma grade fechada com roupa de mergulho e afundam a grade ¾ no mar. Antes, você assina um termo que diz basicamente “que se qualquer coisa de mal acontecer, a responsabilidade é sua”. Uma vez no mar, joga-se sangue na água e espera-se. Quando os tubarões se aproximam, a galera pula na grade e ao grito do guia “Shark on your left”, submergem. E que frio na barriga. Entre as regras:

1 – Não pode segurar nas barras da grade. Detalhe: o mar te chacoalha e pés e mãos saem involuntariamente da grade (pelo menos no meu caso ;)
2 – Deve-se segurar numa barra amarela DENTRO da grade. E ao aviso da chegada do tubarão, prender os pés no fundo da grade (que por sinal, eu não conseguia alcançar!).
3 – A água é um “gelo derretido”.


No meu ataque de ansiedade, percebi que (já dentro da grade) não tinha colocado as botas de mergulho e meus pés (livres, leves e soltos) não paravam de flutuar para fora da grade. O medo do tubarão do nada aparecer e levar meu pé me fez prestar atenção a cada detalhe – do meu dedinho ao meu fio de cabelo. E no final, que lindo o tubarão é. Foi um prazer conhecê-lo.

Cabo da Boa Esperanca

Depois de dias nas praias paradisíacas do Cabo, escaladas em montanhas, nadar com focas, tomar sol em uma praia com pingüins, visitar o belíssimo Cabo da Boa Esperança – voltei a Johanesburgo. Que cidade feia. Parece muito com São Paulo. Agora, acho que entendo a impressão que os gringos têm de São Paulo quando chegam pela primeira vez. Em Johanesburgo, pouco se faz já que “todo mundo diz” que “tudo é perigoso”. Eu acabei acreditando.


Mas com Joubert, meu “host” – fizemos bastante coisa: entre acariciar tigres e leões e ver a briga de onças pintadas numa reserva a passar uma tarde super agradável em Pretoria e um fim de tarde (melhor ainda) nas margens de um rio no Free State. Ate a um churrasco em uma mansão, eu fui. Eu, que nem sabia o que era uma mansão. Agora sei. Sei que tem gente que tem lagos artificiais com patos (estes, de verdade), cujo chão da casa aquece sozinho no inverno e o chuveiro parece ter mais botões que meu computador.

Merry Christmas: Natal com a familia do joubert: o melhor presente que eu poderia ter recebido

Tem gente de todo o tipo neste mundo. Foi um prazer conhecê-las.

Natal com a familia do joubert: mesa farta! E ate a vovo fomos buscar.

Nenhum comentário: