Por que eu me interesso tanto por “buscar sentidos” no mundo? Será que as coisas têm sentido por si próprias? Li um livro chamado “Aprender a Viver”, em que o francês Luc Ferry cita filósofos ao longo de milênios para descrever a relação humana com a moral, ética e as “propostas de salvação”. Incrível ver o quanto não sabemos e o quanto criamos respostas, historias e ilusões para vivermos. Às vezes, é frustrante. Às vezes, é magnífico. Sempre, incompreensível. Por que não conseguimos ver a realidade tal como ela é? O que é isso que chamamos de “bom senso”? Será que ter “bom senso” é enxergar segundo uma visão comum, compartilhada? Acredito que não, talvez seja apenas assumir que não se entende.
Clarice Lispector, em uma entrevista de 1977, foi perguntada sobre a “nobreza de se escrever”, reproduzo aqui, mais ou menos, o que me lembro:
Repórter:
- Clarice, você acredita que “escrever” é capaz de alterar a ordem das coisas?
Clarice:
- Não altera nada. Escrever não altera nada.
Repórter:
- E por que, então, Clarice, continuar a escrever?
Clarice:
- E eu sei? As pessoas não escrevem para alterar nada, no fundo elas querem mesmo é “desabrochar” para o mundo.
Em São Paulo, existe uma “conversa” forte sobre “trabalho com significado”. Aonde vamos com isso? O trabalho por si só já não carrega seu sentido? Segundo os hindus, “working is worship” (trabalhar é orar). Trabalhar é sagrado por si só. Mas e a nossa “busca genuína”? E o desejo de fazer algo diferente do que é? Não será isso também um ideal “religioso”? Estou confuso. Por que eu citei Clarice? Já não sei de mais nada.
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