sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Um texto mal escrito

Por que eu me interesso tanto por “buscar sentidos” no mundo? Será que as coisas têm sentido por si próprias? Li um livro chamado “Aprender a Viver”, em que o francês Luc Ferry cita filósofos ao longo de milênios para descrever a relação humana com a moral, ética e as “propostas de salvação”. Incrível ver o quanto não sabemos e o quanto criamos respostas, historias e ilusões para vivermos. Às vezes, é frustrante. Às vezes, é magnífico. Sempre, incompreensível. Por que não conseguimos ver a realidade tal como ela é? O que é isso que chamamos de “bom senso”? Será que ter “bom senso” é enxergar segundo uma visão comum, compartilhada? Acredito que não, talvez seja apenas assumir que não se entende.


Clarice Lispector, em uma entrevista de 1977, foi perguntada sobre a “nobreza de se escrever”, reproduzo aqui, mais ou menos, o que me lembro:

Repórter:
- Clarice, você acredita que “escrever” é capaz de alterar a ordem das coisas?

Clarice:
- Não altera nada. Escrever não altera nada.

Repórter:
- E por que, então, Clarice, continuar a escrever?

Clarice:
- E eu sei? As pessoas não escrevem para alterar nada, no fundo elas querem mesmo é “desabrochar” para o mundo.

Em São Paulo, existe uma “conversa” forte sobre “trabalho com significado”. Aonde vamos com isso? O trabalho por si só já não carrega seu sentido? Segundo os hindus, “working is worship” (trabalhar é orar). Trabalhar é sagrado por si só. Mas e a nossa “busca genuína”? E o desejo de fazer algo diferente do que é? Não será isso também um ideal “religioso”? Estou confuso. Por que eu citei Clarice? Já não sei de mais nada.

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