sábado, 26 de dezembro de 2009

Tata Consultancy Services - TCS

Essa semana tivemos um treinamento com a TATA com duração de 10 dias de 9h às 19h. Um grupo de 30 trainees indianos (estudantes recém formados em MBA) foi selecionado em toda a Índia e eles estão aqui em Mumbai para este treinamento. Daí tive sorte de chegar nessa época e pegar o treinamento deles. Eles têm entre 23 e 26 anos e vão trabalhar com RH em toda a Índia (cidades como Déli, Calcutá, Chennai, Bangalore,...).

O nosso batch, ou seja, grupo ;)

Este treinamento foi legal para ter uma visão geral da empresa, suas áreas de negócios, produtos, gestão de projetos, estrutura organizacional e sobre todas as funções e papel do RH. O legal é que o setor de RH também está relacionado com as políticas de diversidade, sustentabilidade e responsabilidade social da empresa. Um dos dias tivemos que debater um caso de diversidade cultural de uma indiana que por hábitos culturais não olhava nos olhos dos outros enquanto falava. Ela foi transferida aos EUA e repreendida pelo seu chefe americano por esta postura que ele considerou insegura e apática. A idéia era propor soluções como RH para políticas de diversidade da empresa.


Além disso, está sendo ótimo para interagir com os trainees indianos e os gestores da empresa, entender como é o jeito indiano de trabalhar e fazer negócios. As sessões são dadas por diretores de RH e até de marketing de nível global. As primeiras sessões foram com os Head of Global HR para Talent Acquisition e Talent Deployment (ou seja, eles dividiram a área de RH em processos e cada um tem seu chefão global).


Eu estou adorando os treinamentos, porque minha formação é de engenharia. Tudo que aprendi com RH foi na AIESEC e agora está começando a esclarecer como isso funciona dentro de uma empresa com 140 mil funcionários, atuando em mais de 80 países. A base que tive na AIESEC tem sido fundamental para acompanhar bem os treinamentos, no mesmo pé dos outros indianos (todos eles têm MBA em RH).


Essa semana, a Head of Global Talent Management (chefona dos processos de gestão de talentos em nível global) fez uma sessão de motivação com a gente. E foi simplesmente fantástico! Uma mulher madura vestida em sári, cabelo preso em um coque e um sinal vermelho na testa entrou na sala e quando começou a falar não consegui mais tirar os olhos dela. De um senso de humor incrível falou sobre carreira na TCS, sobre a forma como os jovens buscam oportunidades atualmente, sobre família, equilíbrio e deu dicas de vida. Ela fez várias ironias com a área de RH e a falta de experiência da gente. Falou sobre a ansiedade dos jovens que pulam de empresa para empresa, sobre a necessidade de reconhecimento rápido e as inseguranças profissionais. Encerrou deixando seu recado, que não poderia ser mais confortante vindo de uma psicóloga com doutorado, carreira internacional e 20 anos de empresa: não tenham pressa, não busquem o céu, dêem um passo de cada vez. Vocês têm duvidas, e eu tenho respostas que aprendi durantes todos esses anos. Façam um bom trabalho, independente de qual ele seja e com maturidade, cresça.

Jantando juntos

Foi importante para que a gente refletisse qual é o nosso tempo e qual é o tempo da empresa. Para atingir objetivos na maioria das vezes é melhor não buscá-los em linha reta, para crescer é preciso aprender a crescer. Além disso, me fez refletir sobre determinação e realização. Ser determinado e alcançar um objetivo desejado não significa realizá-lo (no sentido de concluí-lo). Por exemplo, digamos que você quer muito um determinado emprego com determinadas funções, é o trabalho dos seus sonhos. Daí você planeja, se esforça e consegue! Ótimo, uma etapa foi atingida. Mas pela frente vem algo mais difícil ainda: manter o emprego e crescer com ele! Para isso, é preciso entender que bons e maus dias virão. Você vai precisar enfrentar as dificuldades e elas são fundamentais para que você cresça.

Agatha e eu: empresa quer diversidade no quadro de funcionários

Voltando ao treinamento, na sala, eu e a Agatha (uma polonesa) somos as atrações internacionais. Eles são super gentis, nos perguntam dos nossos países, nos integram nos grupos e pedem licença para fazer uma piada que só os indianos iriam entender. Uma das facilitadoras me pediu para fazer um ice break (ou seja, uma dinâmica de quebra gelo) e eu ensinei os indianos a dançar lapada na rachada, o famoso forró cearense que virou hit na AIESEC! Imaginem a cena... Nas horas mais sensuais, eu fiz o passo e eles ficaram me olhando como se fosse algo de outro mundo. Daí, imaginei: exagerei, fiz alguma coisa não aceitável para Índia. Tive que brincar e disse: isso é culturalmente difícil para vocês? (Lembrei do Gabs e suas dúvidas culturais existenciais quando ele foi ao Marrocos, perguntava-se – devo trocar de roupa em um quarto com uma criança mulçumana? ;) Na hora eles falaram NÃO! E todos começaram a dançar. Foi muito engraçado. Daí quando a facilitadora pediu para eu traduzir a letra, tive que sair pela tangente: fica para próxima, hehehe... não quero perder meu emprego =D Agora, ela me pediu para fazer uma listinha desses quebra-gelos para ela usar durante esses dias de treinamento.

Além das sessões normais, também fazemos dinâmicas de grupo. Já fizemos um teatro, tivemos que trabalhar em grupo em cima de casos reais e propor soluções, construir uma torre com canudos de plástico e desenvolver uma propaganda para o carro Nano da Tata,... Pelas pessoas que tenho interagido no treinamento, estou gostando muito do jeito indiano de trabalhar. Eles em geral são bons negociadores, sabem o que querem, são assertivos, dizem o que tem que ser dito e são muito cordiais em grupo. Por alguma razão que me parece cultural, os jovens do treinamento respeitam muito os facilitadores e se respeitam entre si. Na Índia, tem muita gente e em geral as pessoas precisam aprender a compartilhar e ao mesmo tempo brigar pelo que é seu. Acho que isso tem dado uma mistura legal e talvez até seja uns dos fatores que estejam levando a Índia a se tornar uma super potencial global. Na América Latina, no geral, as pessoas são muito passionais. Facilmente levam as coisas para o lado pessoal. Tiro isso das experiências de time que tive, quantas vezes não discutimos sobre fulano que entendeu assim e você disse assado, daí ele ficou com raiva, parou de trabalhar, desmotivou outras pessoas, e por aí vai. Aqui na Índia negociar e debater são culturais, assim como parece ser não levar para o lado pessoal. Terminou a discussão, terminou e pronto.

Linda Ruchi de Hyderabad (outra cidade da Índia)

Acabei por fazer grandes amizades, todos indianos! Sentamos sempre no mesmo grupo que foi pré-determinado antes de começar. Levei um tempo para aprender os nomes deles, mas agora adoro todos de montão: Anu, Amrita, Mayank, Vinya, Dany e Nisha. Morro de rir a cada dia. No último, fomos todos jantar juntos (me ofereciam de tudo, queriam que eu experimentasse e depois ficavam rindo das minhas caretas) e depois fomos para um tipo de barzinho indiano. Os indianos não costumam beber. Nem pessoas fumando eu tenho visto!

Novas amizades: Nisha e Amrita

Sobre a empresa, a TATA CONSULTANCY SERVICES é uma empresa pertencente ao Grupo TATA, que é o maior grupo de empresas da Índia. Esse grupo é formado 96 empresas que variam de automóveis (Tata Nano, Land Rover e Jaguar) a indústrias de fabricação de aço, incluindo até redes de Hotel como o Taj Mahal Hotel.

A TCS (Tata Consultancy Services) é a consultoria deste grupo. Presta consultoria em tecnologia da informação , outsourcing, engenharia e negócios. Possuem 139 escritórios em 42 países, além de outros centros de apoio e laboratórios de inovação espalhados pelo mundo. A idéia desses laboratórios, conhecidos como innovation labs é criar soluções ainda não pensadas para seus clientes. Eles desenvolveram, por exemplo, um sistema de bilhetes aéreos para a empresa holandesa KLM em que o passageiro recebe no celular sua passagem.

Meninas do grupo juntas da Tanupriah (coordenadora do treinamento)

A TCS trabalha sob os princípios de desenvolver soluções que sejam de alta qualidade, custo efetivo em qualquer lugar e a qualquer hora para que seus clientes atinjam seus resultados e ganhem vantagem competitiva. Para isso, eles trabalham com uma linha de consultoria padronizada globalmente e que atende indústrias de 24 setores diferentes – de bancos e seguros a indústrias de alta tecnologia e do setor energético. Entre seus clientes, 49 são empresas que estão no TOP 100 da revista Fortune, como a General Eletric e o Citibank.

No treinamento pude perceber que eles buscam muitos engenheiros de tecnologia da informação. Este setor de TI muda muito e muito rápido, quem tem as competências e habilidades necessárias pode ter certeza que está empregado. Se a pessoa tiver habilidades de liderança, resolver problemas,... melhor ainda! Na TCS, essas pessoas trabalham em geral como consultores que atuam diretamente no cliente ou na estrutura da própria TCS. E como a empresa é global, os funcionários podem ser alocados no mundo todo de acordo com o projeto em que estiverem trabalhando. No meu quarto tem um indiano que depois dessa semana vai fazer consultoria por 1 ano em uma empresa na Arábia Saudita. Eles deixaram claro também que chegam a preferir engenheiros do que profissionais de RH para trabalhar com recursos humanos. A TCS está na disputa por talentos com outras grandes empresas. Aqui na Índia, os recrutamentos de trainees acontecem direto em universidades com alunos dos programas de MBA.

2 comentários:

Unknown disse...

Rick!!

Que bom que lembrou de mim. Estou adorando ler como está tdo indo por aí. Tenho certeza que é o SEU momento de desenvolver Flexibility e pintar o post advanced no seu GCM. ;)

Te mandei email. Espero resposta.

Beijoo e arrasa aí!
Gabs.

Unknown disse...

Prezado Ricardo
Te mandei uma mensagem pelo FaceBook pois não sei seu email. Estou de viagem para |India e gostaria de pegar algumas dicar com voce se possivel.
Um grande abraço
STulio