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Este treinamento foi legal para ter uma visão geral da empresa, suas áreas de negócios, produtos, gestão de projetos, estrutura organizacional e sobre todas as funções e papel do RH. O legal é que o setor de RH também está relacionado com as políticas de diversidade, sustentabilidade e responsabilidade social da empresa. Um dos dias tivemos que debater um caso de diversidade cultural de uma indiana que por hábitos culturais não olhava nos olhos dos outros enquanto falava. Ela foi transferida aos EUA e repreendida pelo seu chefe americano por esta postura que ele considerou insegura e apática. A idéia era propor soluções como RH para políticas de diversidade da empresa.
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Além disso, está sendo ótimo para interagir com os trainees indianos e os gestores da empresa, entender como é o jeito indiano de trabalhar e fazer negócios. As sessões são dadas por diretores de RH e até de marketing de nível global. As primeiras sessões foram com os Head of Global HR para Talent Acquisition e Talent Deployment (ou seja, eles dividiram a área de RH em processos e cada um tem seu chefão global).
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Eu estou adorando os treinamentos, porque minha formação é de engenharia. Tudo que aprendi com RH foi na AIESEC e agora está começando a esclarecer como isso funciona dentro de uma empresa com 140 mil funcionários, atuando em mais de 80 países. A base que tive na AIESEC tem sido fundamental para acompanhar bem os treinamentos, no mesmo pé dos outros indianos (todos eles têm MBA em RH).
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Essa semana, a Head of Global Talent Management (chefona dos processos de gestão de talentos em nível global) fez uma sessão de motivação com a gente. E foi simplesmente fantástico! Uma mulher madura vestida em sári, cabelo preso em um coque e um sinal vermelho na testa entrou na sala e quando começou a falar não consegui mais tirar os olhos dela. De um senso de humor incrível falou sobre carreira na TCS, sobre a forma como os jovens buscam oportunidades atualmente, sobre família, equilíbrio e deu dicas de vida. Ela fez várias ironias com a área de RH e a falta de experiência da gente. Falou sobre a ansiedade dos jovens que pulam de empresa para empresa, sobre a necessidade de reconhecimento rápido e as inseguranças profissionais. Encerrou deixando seu recado, que não poderia ser mais confortante vindo de uma psicóloga com doutorado, carreira internacional e 20 anos de empresa: não tenham pressa, não busquem o céu, dêem um passo de cada vez. Vocês têm duvidas, e eu tenho respostas que aprendi durantes todos esses anos. Façam um bom trabalho, independente de qual ele seja e com maturidade, cresça.
Foi importante para que a gente refletisse qual é o nosso tempo e qual é o tempo da empresa. Para atingir objetivos na maioria das vezes é melhor não buscá-los em linha reta, para crescer é preciso aprender a crescer. Além disso, me fez refletir sobre determinação e realização. Ser determinado e alcançar um objetivo desejado não significa realizá-lo (no sentido de concluí-lo). Por exemplo, digamos que você quer muito um determinado emprego com determinadas funções, é o trabalho dos seus sonhos. Daí você planeja, se esforça e consegue! Ótimo, uma etapa foi atingida. Mas pela frente vem algo mais difícil ainda: manter o emprego e crescer com ele! Para isso, é preciso entender que bons e maus dias virão. Você vai precisar enfrentar as dificuldades e elas são fundamentais para que você cresça.
Voltando ao treinamento, na sala, eu e a Agatha (uma polonesa) somos as atrações internacionais. Eles são super gentis, nos perguntam dos nossos países, nos integram nos grupos e pedem licença para fazer uma piada que só os indianos iriam entender. Uma das facilitadoras me pediu para fazer um ice break (ou seja, uma dinâmica de quebra gelo) e eu ensinei os indianos a dançar lapada na rachada, o famoso forró cearense que virou hit na AIESEC! Imaginem a cena... Nas horas mais sensuais, eu fiz o passo e eles ficaram me olhando como se fosse algo de outro mundo. Daí, imaginei: exagerei, fiz alguma coisa não aceitável para Índia. Tive que brincar e disse: isso é culturalmente difícil para vocês? (Lembrei do Gabs e suas dúvidas culturais existenciais quando ele foi ao Marrocos, perguntava-se – devo trocar de roupa em um quarto com uma criança mulçumana? ;) Na hora eles falaram NÃO! E todos começaram a dançar. Foi muito engraçado. Daí quando a facilitadora pediu para eu traduzir a letra, tive que sair pela tangente: fica para próxima, hehehe... não quero perder meu emprego =D Agora, ela me pediu para fazer uma listinha desses quebra-gelos para ela usar durante esses dias de treinamento.
Acabei por fazer grandes amizades, todos indianos! Sentamos sempre no mesmo grupo que foi pré-determinado antes de começar. Levei um tempo para aprender os nomes deles, mas agora adoro todos de montão: Anu, Amrita, Mayank, Vinya, Dany e Nisha. Morro de rir a cada dia. No último, fomos todos jantar juntos (me ofereciam de tudo, queriam que eu experimentasse e depois ficavam rindo das minhas caretas) e depois fomos para um tipo de barzinho indiano. Os indianos não costumam beber. Nem pessoas fumando eu tenho visto!
Sobre a empresa, a TATA CONSULTANCY SERVICES é uma empresa pertencente ao Grupo TATA, que é o maior grupo de empresas da Índia. Esse grupo é formado 96 empresas que variam de automóveis (Tata Nano, Land Rover e Jaguar) a indústrias de fabricação de aço, incluindo até redes de Hotel como o Taj Mahal Hotel.
A TCS (Tata Consultancy Services) é a consultoria deste grupo. Presta consultoria em tecnologia da informação , outsourcing, engenharia e negócios. Possuem 139 escritórios em 42 países, além de outros centros de apoio e laboratórios de inovação espalhados pelo mundo. A idéia desses laboratórios, conhecidos como innovation labs é criar soluções ainda não pensadas para seus clientes. Eles desenvolveram, por exemplo, um sistema de bilhetes aéreos para a empresa holandesa KLM em que o passageiro recebe no celular sua passagem.
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A TCS trabalha sob os princípios de desenvolver soluções que sejam de alta qualidade, custo efetivo em qualquer lugar e a qualquer hora para que seus clientes atinjam seus resultados e ganhem vantagem competitiva. Para isso, eles trabalham com uma linha de consultoria padronizada globalmente e que atende indústrias de 24 setores diferentes – de bancos e seguros a indústrias de alta tecnologia e do setor energético. Entre seus clientes, 49 são empresas que estão no TOP 100 da revista Fortune, como a General Eletric e o Citibank.
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