Esprimido entre dois gigantes - India e China, onde o calor das planicies indianas encontram o frio dos Himalaias e do Tibet. O Nepal surge com uma beleza natural inexplicavel.
Himalaias cortam o pais de leste a oeste
Homem sagrado
Enterdecer no topo do mundo
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
domingo, 21 de novembro de 2010
De volta ao Brazyl!
De volta ao Brasil! Que sensação estranha! Depois de uma viagem de 36 horas entre avião e conexões, sai da Índia, passei por Dubai, cheguei a São Paulo e fiz uma conexão para Vitoria. Acho que estou experimentando um pouco de choque cultural ao reverso – ao mesmo tempo em que as coisas são familiares, elas são muito diferentes do que eu estava acostumado na Índia.
To achando Vitoria uma cidade extremamente limpa, organizada, vazia, se comparada à loucura das cidades indianas. As pessoas fazem e respeitam filas por aqui, usam roupas curtas, uma variedade enorme de cor de pele, tem gente loira, morena, branca, preta. Homens e mulheres se relacionam de maneira intima em publico com beijos, abraços, e ta tudo bem... O Brasil e um pais de mais festas, uma cultura de mais “sair e se divertir”, menos tradicional em relação a comportamento. Por mais que existem coisas “erradas” e “certas” de se fazer, acho que no fim das contas os brasileiros entendem de tudo – “ah, não liga não. Ta tudo bem!”. Na Índia a tradição conta muito e não respeitá-la e muito mal visto.
Em casa, minha família ta me tratando como um rei, comida na mao, roupa lavada, casa e quarto limpos. Ao mesmo tempo em que e aconchegante e um pouco claustrofóbico – mas entendo que ter e não ter as coisas na mao, ambos fazem parte da vida. Meus amigos também me receberam muito bem e fiquei feliz de tê-los por perto. Isso me deu uma referencia.
Não sei se o que sinto em relação à Índia hoje e “apego” (que se for, com o tempo passa) ou se e porque a Índia se tornou parte da minha identidade (o que eu espero que seja). Sempre que estamos no nosso próprio pais, a gente se acostuma com o dia-a-dia, não diz o que pensa o tempo todo por medo dos efeitos da convivência, explora menos os lugares (afinal, para que ir ao Amazonas agora se ele sempre vai estar la?). Acredito que isso tudo tem relação com estar na nossa “zona de conforto”, que para mim e mais uma zona de “desconforto”. Sei que passaram só alguns dias da minha chegada no Brasil, mas algo certo eu aprendi na Índia – quero viver sempre grandes aventuras porque elas trazem o melhor de nos e o melhor da vida.
Qual será a próxima?
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Passando pela India...
Índia – Quem imaginou que um dia chegaria ao fim? Tantas coisas passaram pela minha cabeça nesse ultimo mês aqui em Mumbai. A cada musica que eu escuto, as lembranças do ano todo vêm à tona. Quando cheguei aqui, me deparei com um “parque de diversões” de surpresas e aventuras. Das impressões iniciais da sujeira, excesso de gente e do caos urbano, mergulhei em uma cultura de 5 mil anos e me apaixonei por um pais que na medida em que eu mais ia conhecendo, mais ensinava sobre mim e sobre o mundo em que vivemos.
Dos amigos com quem morei e viraram minha família aqui, do trabalho no escritório que foi incrível, dos indianos que conheci, da vida agitada em Mumbai – esse motor que acelera a Índia e os “sonhos” dos indianos em direção ao futuro, das aventureiras viagens e das pessoas incríveis que conheci. Tudo isso tendo esse pais milenar como pano de fundo.
A Índia tem vida. A cada dia que eu acordava, tinha uma grande expectativa em qual seria a aventura do dia? O que vai acontecer? Nada era possível prever. Eu me sentia feliz em ir almoçar e no meio do caminho acabar parando em um casamento, ou ir à boate à noite e trocando os nomes, acabar em uma festa de uma família tradicional parsi. E eram sempre tantas coisas estranhas para fazer – com a Mari do Brasil, por exemplo, nos enfiamos em uma caçada de um centro de iluminação espiritual japonês em Mumbai, com a Jhessica fomos dormir com escorpiões no deserto, com o Gustavo assisti a uma cerimônia fantástica entre a Índia e o Paquistão, com a Letícia entramos em uma festa de milionários em Nova Deli...fora ate de um filme em Bollywood pude participar.
E como explicar esse pais? A duvida persiste. Sempre achei que não chegaria ao “coração” do que e a Índia, mas hoje me arrisco a dizer algumas coisas.
As ruas são caóticas, o transito às vezes parece aleatório, a sujeira esta em todos os lados, tem cidades cobertas em poeira, a comida e apimentada e oleosa, não tem faca, quase metade da população e vegetariana, tudo parece ter um lado religioso e espiritual, as vacas são sagradas, os meninos querem saber de críquete, nas festas só toca Bollywood e o pais e lotado, abarrotado, entupido de gente. Isso e a Índia em um olhar de cima, embaixo, no chão, no fundo, a Índia e muito mais.
A sensação que eu tenho ao andar nas ruas e a de que estou dentro de um grande sonho, uma grande ilusão – no melhor dos sentidos. Imagina se os países fossem livros e todos nos fizéssemos parte da historia contada nas paginas. Na Índia, muitas paginas seriam escritas tendo o hinduísmo – religião de 80% da população – como pano de fundo. A religião esta por trás de tudo – do nome dado as crianças (que deve ser de acordo com fatores astrológicos), da data dos casamentos, do que as pessoas comem, de quando elas trabalham, como vivem – esse foi um grande insight para mim sobre como nossa cultura conta e limita nossa historia.
Outro insight que tive e sobre como esse pais assimilou da forma mais positiva possível as mais diferentes culturas e formas de se viver. A Índia já foi invadida, colonizada, ocupada, habitada pelos mais diferentes grupos de pessoas nos últimos milênios de sua historia. E parece que sempre manteve uma identidade única. Imagine uma pessoa muito diferente de todas as outras – essa pessoa provavelmente terá uma característica muito particular, talvez ela seja a única capaz de entender que todos são muito diferentes, e de coração aceitar esse fato. Assim e a Índia, um pais tão diferente de tudo que se pode imaginar no ocidente e ao mesmo tempo um exemplo único de integração cultural e respeito às diferenças.
Dou um exemplo.
O Brasil foi conquistado por Portugal e hoje eu não sei nada alem do “português”. A Índia parece que “engoliu” todos seus colonizadores – no melhor dos sentidos de “engolir”. Explico: e um engolir que não exclui o antigo, nem nega o novo – ele simplesmente “integra”. Por exemplo, o inglês e um idioma nacional graças à colonização pela Inglaterra, mas ele e apenas um entre outras dezenas de dialetos que orgulhosamente são falados nos diferentes estados. Novo e velho – juntos.
No norte da Índia tem uma cidade (McLeod Ganj) que virou centro de exílio dos tibetanos fora da China, abrigando sua identidade religiosa e política maior – o Dalai Lama. Os imigrantes vieram para Índia depois de repressões da China ao Tibete, que luta para ser um pais independente. Passeando por McLeod Ganj, visitamos uma escola com crianças tibetanas. La, as criancinhas de olho puxado têm aulas em uma sala cujo quadro negro tem bem no centro uma bandeira enorme da Índia, onde se Le: “Thank you India, we Love you. India is a Home away from home”. (Obrigado Índia. Nos te amamos. A Índia e uma casa longe de casa).
Sabe quando você encontra alguém que mora de favor na casa de um amigo seu?A pessoa que mora de favor em geral esta de bom humor, mostra gratidão. Assim senti os tibetanos aqui e me emocionei ao ver como a cultura deles se misturou positivamente com a indiana - ao mesmo tempo que estudam em tibetano e seguem o budismo, nos concursos de dança os jovens se requebram ao som de Bollywood.
Ao final desse ano, me emocionei em vários momentos por gratidão a algumas pessoas que fizeram esse ano tão especial. Outras vezes me senti triste porque parece que tudo que vivi vai acabar, as pessoas que conheci vão rodar o mundo e também vão mudar com o tempo. Talvez quando eu as encontre de novo nem sejam mais as que eu conheci, como filosofou o Gustavo. Daí tive um insight de que nada dura para sempre, tudo tem um fim e tudo esta em mudança o tempo todo.
Com essa mentalidade, de olho no nosso tempo curto de vida, com os ouvidos atentos aos lançamentos de Bollywood, de olho no crescimento assustador da economia indiana e nas fofocas de facebook dos amigos na Índia... Como os tibetanos fizeram, só tenho a agradecer – Obrigado Índia pelo melhor ano da minha vida.
Dos amigos com quem morei e viraram minha família aqui, do trabalho no escritório que foi incrível, dos indianos que conheci, da vida agitada em Mumbai – esse motor que acelera a Índia e os “sonhos” dos indianos em direção ao futuro, das aventureiras viagens e das pessoas incríveis que conheci. Tudo isso tendo esse pais milenar como pano de fundo.
A Índia tem vida. A cada dia que eu acordava, tinha uma grande expectativa em qual seria a aventura do dia? O que vai acontecer? Nada era possível prever. Eu me sentia feliz em ir almoçar e no meio do caminho acabar parando em um casamento, ou ir à boate à noite e trocando os nomes, acabar em uma festa de uma família tradicional parsi. E eram sempre tantas coisas estranhas para fazer – com a Mari do Brasil, por exemplo, nos enfiamos em uma caçada de um centro de iluminação espiritual japonês em Mumbai, com a Jhessica fomos dormir com escorpiões no deserto, com o Gustavo assisti a uma cerimônia fantástica entre a Índia e o Paquistão, com a Letícia entramos em uma festa de milionários em Nova Deli...fora ate de um filme em Bollywood pude participar.
E como explicar esse pais? A duvida persiste. Sempre achei que não chegaria ao “coração” do que e a Índia, mas hoje me arrisco a dizer algumas coisas.
As ruas são caóticas, o transito às vezes parece aleatório, a sujeira esta em todos os lados, tem cidades cobertas em poeira, a comida e apimentada e oleosa, não tem faca, quase metade da população e vegetariana, tudo parece ter um lado religioso e espiritual, as vacas são sagradas, os meninos querem saber de críquete, nas festas só toca Bollywood e o pais e lotado, abarrotado, entupido de gente. Isso e a Índia em um olhar de cima, embaixo, no chão, no fundo, a Índia e muito mais.
A sensação que eu tenho ao andar nas ruas e a de que estou dentro de um grande sonho, uma grande ilusão – no melhor dos sentidos. Imagina se os países fossem livros e todos nos fizéssemos parte da historia contada nas paginas. Na Índia, muitas paginas seriam escritas tendo o hinduísmo – religião de 80% da população – como pano de fundo. A religião esta por trás de tudo – do nome dado as crianças (que deve ser de acordo com fatores astrológicos), da data dos casamentos, do que as pessoas comem, de quando elas trabalham, como vivem – esse foi um grande insight para mim sobre como nossa cultura conta e limita nossa historia.
Outro insight que tive e sobre como esse pais assimilou da forma mais positiva possível as mais diferentes culturas e formas de se viver. A Índia já foi invadida, colonizada, ocupada, habitada pelos mais diferentes grupos de pessoas nos últimos milênios de sua historia. E parece que sempre manteve uma identidade única. Imagine uma pessoa muito diferente de todas as outras – essa pessoa provavelmente terá uma característica muito particular, talvez ela seja a única capaz de entender que todos são muito diferentes, e de coração aceitar esse fato. Assim e a Índia, um pais tão diferente de tudo que se pode imaginar no ocidente e ao mesmo tempo um exemplo único de integração cultural e respeito às diferenças.
Dou um exemplo.
O Brasil foi conquistado por Portugal e hoje eu não sei nada alem do “português”. A Índia parece que “engoliu” todos seus colonizadores – no melhor dos sentidos de “engolir”. Explico: e um engolir que não exclui o antigo, nem nega o novo – ele simplesmente “integra”. Por exemplo, o inglês e um idioma nacional graças à colonização pela Inglaterra, mas ele e apenas um entre outras dezenas de dialetos que orgulhosamente são falados nos diferentes estados. Novo e velho – juntos.
No norte da Índia tem uma cidade (McLeod Ganj) que virou centro de exílio dos tibetanos fora da China, abrigando sua identidade religiosa e política maior – o Dalai Lama. Os imigrantes vieram para Índia depois de repressões da China ao Tibete, que luta para ser um pais independente. Passeando por McLeod Ganj, visitamos uma escola com crianças tibetanas. La, as criancinhas de olho puxado têm aulas em uma sala cujo quadro negro tem bem no centro uma bandeira enorme da Índia, onde se Le: “Thank you India, we Love you. India is a Home away from home”. (Obrigado Índia. Nos te amamos. A Índia e uma casa longe de casa).
Sabe quando você encontra alguém que mora de favor na casa de um amigo seu?A pessoa que mora de favor em geral esta de bom humor, mostra gratidão. Assim senti os tibetanos aqui e me emocionei ao ver como a cultura deles se misturou positivamente com a indiana - ao mesmo tempo que estudam em tibetano e seguem o budismo, nos concursos de dança os jovens se requebram ao som de Bollywood.
Ao final desse ano, me emocionei em vários momentos por gratidão a algumas pessoas que fizeram esse ano tão especial. Outras vezes me senti triste porque parece que tudo que vivi vai acabar, as pessoas que conheci vão rodar o mundo e também vão mudar com o tempo. Talvez quando eu as encontre de novo nem sejam mais as que eu conheci, como filosofou o Gustavo. Daí tive um insight de que nada dura para sempre, tudo tem um fim e tudo esta em mudança o tempo todo.
Com essa mentalidade, de olho no nosso tempo curto de vida, com os ouvidos atentos aos lançamentos de Bollywood, de olho no crescimento assustador da economia indiana e nas fofocas de facebook dos amigos na Índia... Como os tibetanos fizeram, só tenho a agradecer – Obrigado Índia pelo melhor ano da minha vida.
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