De basico, fazer uma viagem aqui na India e uma aventura na certa. Voce nunca consegue imaginar o que vai te esperar la. Nao e nada do tipo chegar no Cristo e tirar uma foto. O caminho todo ate la e que importa. E que caminho! E quando voce chega, que chegada! E quando voce fica, que experiencia!
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A Guru espiritual se chama “Amma”, ela cresceu no meio do coqueral no sul da India e logo foi identificado pelos pais e vizinhos que “aquela menina tem algo especial” (ou sera de estranho). A menina cresceu (ou melhor envelheceu! Porque o tamanho nao mudou muito) e o seu retiro espiritual tambem. No meio de um coqueral a perder de vista, mar de um lado, rio do outro, esta o “ashram” dela – um conjunto de predios e templos rosa “pink”.E a guru ganhou um titulo: “Amma – the love hugging Mother” ( Amma – A Mae de amor que abraca).
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No Ashram, voce encontra uma concentracao hippie inexplicavel, estrangeiros para todos os lados lavando o chao, cozinhando, vigiando o quarto sagrado da Amma,... E tudo e dividido – estrangeiro de um lado, indianos de outro. Quando voce chega e passa aquele choque inicial das roupas hippies, os coqueiros, o rosa choque,...um britanico e um italiano vem te informar que voce deve dormir no quarto de “estrangeiros”, comer no restaurante dos “estrangeiros”, pegar um cracha para ver a “Amma” na fila dos “estrangeiros”...que separatismo!
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A “Amma” ficou famosa por “abracar” seus fieis e susurrar no ouvido deles “palavras” tidas como “sagradas” que vao mudar a vida deles. Ela ja abracou 22 milhoes de pessoas. Que coisa! Fiquei nervoso com essa historia. Depois de pegarmos a senha numero 745, eu e Jhessica fomos dar uma ‘voltinha” porque ia demorar! Fomos na praia ver a galera alucinada fazendo meditacao na areia e cada pose, todos de branco, parecia uma cena daquela novela das antigaaas “A Viagem”.
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No fim, ganhamos um abraco da Guru, que chegou ao ashram em grande estilo, sendo ovacionada. Parecia a Madonna chegando no maracana =) Eu vesti meu lungi novo (um tipo de pano que vira um tipo de saia que os homens usam no sul) e achando que tava arrasando fui abracar a “Amma”. E que abraco! Cada peitao. Empurraram minha cabeca peito adentro e la veio ela me suspirar as “palavras”...muiuaqueridofiloona...como e que e, Amma? Miokeydoufilin...Ai jesus, sera que eu vim ate aqui e nao vou entender o que ela ta dizendo? Amma, por favor me fala de novo! – Eu disse para ela. “Mio kerido filin”...”Meu querido filhinho”? Excuse-me, essas sao as palavras “sagradas” que vao mudar minha vida?
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Barco adentro, vamos embora desse lugar louco. Galera meditando nos telhados, oracoes dancantes as 4h da manha, hippie em velocidade baixa,...bora daqui! 6 onibus depois e muito enjoo pela estrada acima chegamos nas montanhas de Munnar, uma estacao de cha no sul, que frio! E que lugar lindo!
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Deixando o verde de kerala para tras e a experiencia “espiritual” transcedental da “Amma” a viagem seguinte veio umas semanas depois – rumo a Hyderabad para o congresso internacional da AIESEC.
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Foi tao legal. Depois de passar 4 anos na AIESEC pude ver que a rede muda rapido, mas ainda tinha muita gente la que eu conhecia e foi divertido celebrar com eles, com os trainees da Tata e respirar dessa diversidade de culturas que a AIESEC brilhantemente reune a cada ano.
De la eu e Jhessica, em mais uma aventura, quase perdemos um voo para Chennai. Em direcao a tamil nadu, o plano: vamos tostar na caotica Chennai, visitar a cidade “francesa” de pondicherry e encerrar a jornada na “vila global” que se formou no sul da India em Auroville.
Do caos e do calor e da falta do que fazer na horrenda cidade de 15 milhoes de pessoas de Chennai, fomos nos refugiar na unica cidade na India que e tida como “francesa”, com bifao, casas e ruas com nomes em frances. Gente, que pais esquizofrenico! (No melhor dos sentidos =) A cidade francesa tem so umas ruazinhas na beira da praia porque o resto e 99% puro Tamil Nadu! Honk Honk aqui, Honk Honk de la e o caoooos completo.
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Auroville ja foi mais curioso, para nao dizer surreal. Parece que uma francesa veio para India umas decadas atras e fez uma “parceira” com um guru espiritual indiano. Dai eles tiveram a brilhante ideia de fundar uma cidade da “uniao global” que abrigaria povos de todo o mundo (algo estilo Arca de Noe), teria o formato de uma galaxia e bem ao centro dela estaria uma grande esfera futuristica com um cristal que difunde a luz que entra pelo topo da esfera enquanto os habitantes da cidade meditam em absoluto silencio. Surreal? Acreditem, esse lugar existe e la ele esta, algumas decadas mais tarde: chama-se “Aurovile”.
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Na pratica, o calor infernal do sul da India tosta Auroville, mas as arvores para todo lado ajudam a refrescar. Chegando, descobrimos que duas brasileiras se mudaram para la. No centro de turismo pegamos o telefone delas e ligamos. Descobrimos que as pessoas nao vem passar “ferias” em Auroville, elas vem morar para o resto da vida! Indianos e estrangeiros de todos os cantos do mundo escolhem a cidade por alinhamento com a visao dela de ser um lugar de paz, compreensao entre culturas e seguem as ideias difindidas pelo guru indiano e a “mae” francesa que a fundaram.
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Eu e Jhessica: Vir morar nesse inferno quente? Jesus amado...fora da nossa compreensao, mas foi so dar umas voltas, ver a bendita “bola” para meditacao com o cristal e conversar com os “aorovilianos” que sentimos “algo” diferente.
Tomamos cafe com uma francesa de origem egipcia, de 19 anos. Ela tem problemas visuais e nao conseguia enxergar direito. A mae, francesa, veio para Auroville quando ela era uma crianca. Ela morou 10 anos em Auroville dai voltou a Franca para estudar. Na Franca, foi vitima de preconceito por ser morena, de origem egipcia, mulher e deficiente visual. Alem disso, estudou na area mais marginalizada de Paris – aquela que ha alguns anos atras a populacao comecou a tacar fogo e queimar os carros. Apareceu na televisao, lembra?
A conversa foi tao marcante. Ela foi tao natural ao falar dos amigos que tavam la e botaram fogo naqueles carros, de como ela tinha se envolvido em manifestacoes, de como era sofrer preconceito na Franca (mulher, morena, estrangeira, deficiente), das brigas com a mae dela, de nao conhecer o pai...e hoje 6 anos depois de morar na Franca, ela decidiu voltar a Auroville. De vez. Quando ela disse”vou morar aqui o resto da vida”. Eu e Jhessica chocamos – jura?? Uma historia de vida tao interessante e diferente da nossa. Sozinha, aos 19 anos, ensinando matematica em uma escola de Auroville.
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Antes de voltar a Mumbai, um pulo em Chennai para conhecer uma praia que deve ter uns 50 km e vai de norte a sul da cidade. Imagina a populacao de Vitoria toda na areia da praia, essa era a visao de um domingo a tarde em Chennai. Entre peixe frito com pimenta e “posters” de estrelas de Bollywood, deixamos o inferno de Tamil nadu para tras. Boas lembrancas da Incredible India.