Tenho pensado muito sobre o que é foco e como mantê-lo. E como alinhar diferentes desejos, não abrindo mão de se explorar “tudo aquilo que se deseja fazer” e ao mesmo tempo não perdendo o foco no presente. Alem disso, sobre como é fundamental cultivar a confiança – como emoção básica para que as coisas possam acontecer.
Talvez o jeito correto de fazer isso seja perceber que, uma vez identificada suas maiores paixões, não precisamos correr atrás delas ao mesmo tempo. E que “abrindo o coração” ao presente, agindo – eventualmente estas paixões voltam a se cruzar na hora certa. Muitas vezes o “nosso tempo” não é o mesmo “tempo do mundo”.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Auroville e a Consciência Divina!
No ano passado, tive a oportunidade de conhecer Auroville – uma cidade no sul da Índia que se define da seguinte forma:
“Auroville quer ser a cidade universal em que homens e mulheres de todos os países possam viver em paz e progressiva harmonia acima de todos os credos, todas as políticas e todas as nacionalidades. O propósito de Auroville é realizar a unidade humana.”
Centro de meditacao no centro de Auroville: uma bola de ouro com um cristal no centro!
Entre outras coisas, Auroville buscar ser “uma cidade que não pertence a ninguém e em que todos são servidores da consciência divina” e “um lugar em que a educação nunca acaba; o aprendizado é eterno e a juventude jamais envelhece”.
Interessante, não? E na pratica, como funciona?
Este ano, a convite da Ira – uma amiga do Cazaquistão - pude retornar a Auroville para passar três dias! E que aventura! Alugamos um taxi para os três dias (bem barato, saiu um total de 100 reais por pessoa!) e saímos no ultimo sábado de manha bem cedo (5h) de Bangalore e chegamos às 12h em Pondicherry – uma ex-colônia francesa na costa leste da Índia – de frente para o Oceano Indico. Um almoço reforçado, um banho de mar e estávamos prontos para desbravar Auroville.
Um taxi e um time: pronto para a largada ;)
Para isso, primeiro precisa achar Auroville! Tarefa difícil já que os indianos não sabem bem onde fica, os que conhecem indicam uma tal de “Auroville Beach” (Praia de Auroville). E a verdade é que a cidade fica no meio de uma floresta! Vai tentar achar a entrada da floresta ;)
O plano de construcao de Auroville: o formato de uma Galaxia!
Na hora que encontramos já era noite e não dava mais para ver nada. Acende ai a lamparina e vamos embora no meio do mato! Ao chegar em um “tipo de cozinha comunitária” no meio do matagal, fomos recebidos por israelenses, ou melhor, “aurovilianos” – é assim que se chama quem mora em Auroville.
Meu "quarto" na arvore!
Umas cinco famílias israelenses dividem o espaço em uma comunidade chamada “Ever Green”, cada um tem sua casa e todas compartilham banheiros (todos ecológicos, com vasos ecológicos e abertos ao céu!), cozinha e energia (tudo energia solar!). Não são exatamente “casas” convencionais – são casas na arvore! E meu quarto, inclusive, tava me esperando la em cima a uns 10 metros de altura!
Energia solar abastece a comunidade! Tem que economizar, senao acaba...
Vale dizer que em Auroville o conceito de “comunidade” prevalece. São em torno de 2000 pessoas do mundo todo que “decidiram” e depois de um período de “teste” foram aceitos para morar em Auroville – passando a receber o direito de residência fixa na Índia. Mas para isso, os gringos precisam antes “provar” seu compromisso com a consciência divina. Eita que vamos la descobrir que consciência é essa!
O banheiro ecologico aberto para o mato!
Depois da primeira noite na “casa na arvore”, tive que aprender a rebolar com os insetos e a “vida na natureza”. Baratas na minha toalha me fizeram jogar a linda toalhinha amarela da minha mãe la de cima da arvore no meio do matagal, fora os milhões tipos de insetos, escorpião, sapos...que volta e meia apareciam. Na hora do banho – que beleza! O chuveiro é aberto para a floresta! Uma lua linda, um sapo do meu lado e um banho frio no mato escuro.
O estado de Tamil Nadu (onde Auroville fica) é um inferno na Terra. Quente, úmido e abafado! Parece que tocaram fogo debaixo do solo. Suando o dia inteiro, passamos nossos dias visitando a comunidade – fomos a um “café – almoço” organizado por uns holandeses, australianos e indianos; tomamos um café da tarde no “La Terrace”, ponto de encontro “cool” da cidade. La conhecemos uma americana de 63 anos, que há quatro anos se tornou “auroviliana”. Estávamos num papo cabeça sobre “o que é um ideal e como ele pode ser construído em grupo?” e “o que é ser ‘aurovilano’?”, quando ela, da mesa ao lado, interferiu na conversa para dizer que era absurdamente feliz e realizada em Auroville e nos convidar para a peca de teatro em que ela atuava!
“Descobri inclusive que posso ser atriz!” – Nos disse.
Peca de teatro em Auroville!
E la fomos nos na peca de teatro no meio da floresta! A peca durou 2 horas e meia e explorava a questão da repressão da mulher nos casamentos – típico na Índia rural. La encontramos uma família de espanhóis que há 15 anos vive em Auroville! Eles os convidaram para um café da manha na comunidade deles no dia seguinte (que foi, por sinal, para la de agradável). Esta família é composta pelo marido (ex empresário da indústria do café), a esposa (em seus 40 anos, que passou a juventude como guia de esqui na Argentina!) e duas crianças (que falam catalão, espanhol e inglês como nativos).
Essa questão das línguas e das crianças é bastante interessante em Auroville. Imagine seu filho crescer em uma floresta, em que ele pode explorar tudo livremente, a “biologia” ta ali ao lado – as crianças filhas do espanhol, por exemplo, acharam um escorpião (que bicho horrível!) no chão da varanda e decidiram manter (na maior naturalidade do mundo) o escorpião num vidro, para estudarem melhor o animal! No outro aquário, vários filhotes de sapo! Os filhos dos israelenses são para la de inteligentes! Constroem telhados nas casas das arvores, cuidam dos cavalos, espantam os gatos – a floresta permite que eles criem um mundo de fantasias!
Criancas aurovilianas expulsando o gato do telhado!
Fora isso é uma comunidade internacional, então os filhos do holandês brincam com os de Israel, que brincam com os americanos, que brincam com os indianos... Nas escolas, eles têm as aulas mais variadas o possível – já que Auroville também tem uma visão para la de “inovadora” sobre o ensino. Resultado? Vi crianças muito inteligentes, bem informadas e maduras! Incrível uma criança de 5 anos conversar no nível que eles conversam, parecem adultos com um espírito de porco (como dizia minha avo, hahaha).
Auroville acabou sendo mais uma experiência bacana na “Incredible India”. Mas será que eu acredito no ideal do guru que “ilumina” a visão dos aurovilianos? Será que existem mesmo ideais a para serem acreditados? O quanto do mundo eu mudo pelo jeito que eu olho? O quanto eu mudo pelo jeito que eu ajo?
Fogos e meditacao as 5h da manha para comemorar o nascimento do Guru Sri Aurobindo
Auroville em construcao - muito ainda por ser feito!
“Auroville quer ser a cidade universal em que homens e mulheres de todos os países possam viver em paz e progressiva harmonia acima de todos os credos, todas as políticas e todas as nacionalidades. O propósito de Auroville é realizar a unidade humana.”
Centro de meditacao no centro de Auroville: uma bola de ouro com um cristal no centro!
Entre outras coisas, Auroville buscar ser “uma cidade que não pertence a ninguém e em que todos são servidores da consciência divina” e “um lugar em que a educação nunca acaba; o aprendizado é eterno e a juventude jamais envelhece”.
Interessante, não? E na pratica, como funciona?
Este ano, a convite da Ira – uma amiga do Cazaquistão - pude retornar a Auroville para passar três dias! E que aventura! Alugamos um taxi para os três dias (bem barato, saiu um total de 100 reais por pessoa!) e saímos no ultimo sábado de manha bem cedo (5h) de Bangalore e chegamos às 12h em Pondicherry – uma ex-colônia francesa na costa leste da Índia – de frente para o Oceano Indico. Um almoço reforçado, um banho de mar e estávamos prontos para desbravar Auroville.
Um taxi e um time: pronto para a largada ;)
Para isso, primeiro precisa achar Auroville! Tarefa difícil já que os indianos não sabem bem onde fica, os que conhecem indicam uma tal de “Auroville Beach” (Praia de Auroville). E a verdade é que a cidade fica no meio de uma floresta! Vai tentar achar a entrada da floresta ;)
O plano de construcao de Auroville: o formato de uma Galaxia!
Na hora que encontramos já era noite e não dava mais para ver nada. Acende ai a lamparina e vamos embora no meio do mato! Ao chegar em um “tipo de cozinha comunitária” no meio do matagal, fomos recebidos por israelenses, ou melhor, “aurovilianos” – é assim que se chama quem mora em Auroville.
Meu "quarto" na arvore!
Umas cinco famílias israelenses dividem o espaço em uma comunidade chamada “Ever Green”, cada um tem sua casa e todas compartilham banheiros (todos ecológicos, com vasos ecológicos e abertos ao céu!), cozinha e energia (tudo energia solar!). Não são exatamente “casas” convencionais – são casas na arvore! E meu quarto, inclusive, tava me esperando la em cima a uns 10 metros de altura!
Energia solar abastece a comunidade! Tem que economizar, senao acaba...
Vale dizer que em Auroville o conceito de “comunidade” prevalece. São em torno de 2000 pessoas do mundo todo que “decidiram” e depois de um período de “teste” foram aceitos para morar em Auroville – passando a receber o direito de residência fixa na Índia. Mas para isso, os gringos precisam antes “provar” seu compromisso com a consciência divina. Eita que vamos la descobrir que consciência é essa!
O banheiro ecologico aberto para o mato!
Depois da primeira noite na “casa na arvore”, tive que aprender a rebolar com os insetos e a “vida na natureza”. Baratas na minha toalha me fizeram jogar a linda toalhinha amarela da minha mãe la de cima da arvore no meio do matagal, fora os milhões tipos de insetos, escorpião, sapos...que volta e meia apareciam. Na hora do banho – que beleza! O chuveiro é aberto para a floresta! Uma lua linda, um sapo do meu lado e um banho frio no mato escuro.
O estado de Tamil Nadu (onde Auroville fica) é um inferno na Terra. Quente, úmido e abafado! Parece que tocaram fogo debaixo do solo. Suando o dia inteiro, passamos nossos dias visitando a comunidade – fomos a um “café – almoço” organizado por uns holandeses, australianos e indianos; tomamos um café da tarde no “La Terrace”, ponto de encontro “cool” da cidade. La conhecemos uma americana de 63 anos, que há quatro anos se tornou “auroviliana”. Estávamos num papo cabeça sobre “o que é um ideal e como ele pode ser construído em grupo?” e “o que é ser ‘aurovilano’?”, quando ela, da mesa ao lado, interferiu na conversa para dizer que era absurdamente feliz e realizada em Auroville e nos convidar para a peca de teatro em que ela atuava!
“Descobri inclusive que posso ser atriz!” – Nos disse.
Peca de teatro em Auroville!
E la fomos nos na peca de teatro no meio da floresta! A peca durou 2 horas e meia e explorava a questão da repressão da mulher nos casamentos – típico na Índia rural. La encontramos uma família de espanhóis que há 15 anos vive em Auroville! Eles os convidaram para um café da manha na comunidade deles no dia seguinte (que foi, por sinal, para la de agradável). Esta família é composta pelo marido (ex empresário da indústria do café), a esposa (em seus 40 anos, que passou a juventude como guia de esqui na Argentina!) e duas crianças (que falam catalão, espanhol e inglês como nativos).
Essa questão das línguas e das crianças é bastante interessante em Auroville. Imagine seu filho crescer em uma floresta, em que ele pode explorar tudo livremente, a “biologia” ta ali ao lado – as crianças filhas do espanhol, por exemplo, acharam um escorpião (que bicho horrível!) no chão da varanda e decidiram manter (na maior naturalidade do mundo) o escorpião num vidro, para estudarem melhor o animal! No outro aquário, vários filhotes de sapo! Os filhos dos israelenses são para la de inteligentes! Constroem telhados nas casas das arvores, cuidam dos cavalos, espantam os gatos – a floresta permite que eles criem um mundo de fantasias!
Criancas aurovilianas expulsando o gato do telhado!
Fora isso é uma comunidade internacional, então os filhos do holandês brincam com os de Israel, que brincam com os americanos, que brincam com os indianos... Nas escolas, eles têm as aulas mais variadas o possível – já que Auroville também tem uma visão para la de “inovadora” sobre o ensino. Resultado? Vi crianças muito inteligentes, bem informadas e maduras! Incrível uma criança de 5 anos conversar no nível que eles conversam, parecem adultos com um espírito de porco (como dizia minha avo, hahaha).
Auroville acabou sendo mais uma experiência bacana na “Incredible India”. Mas será que eu acredito no ideal do guru que “ilumina” a visão dos aurovilianos? Será que existem mesmo ideais a para serem acreditados? O quanto do mundo eu mudo pelo jeito que eu olho? O quanto eu mudo pelo jeito que eu ajo?
Fogos e meditacao as 5h da manha para comemorar o nascimento do Guru Sri Aurobindo
Auroville em construcao - muito ainda por ser feito!
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