domingo, 14 de março de 2010

India

Depois de 3 meses e meio, algumas reflexoes.

A Índia


É um país fantástico e de uma cultura extramamente diferente da brasileira. A forma das pessoas se comportarem, como elas dão sua opinião, das buzinas ensurdecedoras, trens superlotados ao clã das famílias, os casamentos arranjados. Das milhares de crenças, culturas, idiomas, religiões e da a idéia de que o grupo sempre prevalece (e não o indivíduo)as condições de vida precárias de centenas de milhões de indianos (que te fazem pensar "que raios é isso de dignidade humana?").

Quando cheguei aqui tive uma sensação parecida com aquela de quando estamos boiando na água em um mar bem profundo. Você sabe que tem um mundo debaixo da superfície, peixes, corais, terra,...e muitas coisas que você nem sequer imagina. Mas você não tem fôlego para descer o suficiente e por mais que você nada, parece que estará sempre na superfície.

Mumbai (ou Bombay)

Tem um livro que uma amiga está lendo chamado Mumbai Maximum City (Mumbai Cidade Máxima) em que o autor descreve o sonho e o pesadelo que Mumbai pode ser. Uma cidade com quase 20 milhões de pessoas, socadas em uma ponta de ilha na Mar Arábico. Uma das maiores densidades populacionais do mundo. Mumbai é o motor que acelera a economia e o sonho dos indianos no século 21. De milhões de pessoas que vem de vilarejos e lotam as favelas urbanas, de milionários gastando em um almoço o que os pobres da favela nao ganham em um mês, empresas internacionais, astros de Bollywood, miséria, poluição, barulho, gente (muita gente!) e um pote de culturas misturadas, linguas, crenças, festivais...

Em Mumbai, você encontra a maior favela da Ásia, indianos de todas as castas, as mansões e os astros de Bollywood, todos credos e idiomas possíveis, paquistaneses, parsis,hindus, católicos ...os jains não comem batata e cenoura porque acreditam que a colheita desses legumes mata os organismos que vivem na raiz do vegetal, se vestem com um pedaço de pano e só andam descalços em lugares cobertos com panos para evitar matar eventuais formigas (seres vivos e portanto sagrados)...os parsis mantem uma chama acesa no sul de Mumbai queimando por dezenas de séculos e quando os familiares morrem são dispostos em uma torre aberta para que os urubus venham e comam os restos...os hindus não comem carne de vaca, perguntar por um açougue é fora de cogitação.

Mumbai é um como um tapa na cara do estrangeiro. Não de dá espaço. A cidade é o que é e o melhor é entrar na sua sintonia. A sua beleza se revela com o tempo. Certamente uma das cidades mais interessantes do mundo.

Os estrangeiros

Os estrangeiros são literalmente um pé no saco. Pelo menos os que eu tenho convivido =P É muito difícil se adaptar a Índia e ao mesmo tempo é muito fácil reclamar. E é isso que muitos acabam fazendo e deixam de lado a fantástica oportunidade de se entregarem por completo ao país e ter uma experiência única, capaz de ampliar a visão de mundo, de como as coisas podem ser feitas de forma diferente e de como a cultura influencia quem somos.

Vejo estrangeiros reclamado do calor, dos mulcumanos nas mesquitas que cantam o dia inteiro, da poluição, dos indianos serem golpistas, de não entenderem as coisas "estranhas" que eles veem, da comida, da pobreza,...de tudo! Por que nao volta para casa? Acabam ficando dentro de "grupos de estrangeiros", la dentro e mais confortavel.

Uma vez li um artigo do "The economist" que falava mais ou menos assim: "Talvez os estrangeiros sejam, por natureza, pessoas dificeis de se satisfazer. Um estrangeiro é, ao final das contas, alguém que não gostava o suficiente do próprio país para ficar lá. Ainda assim o estrangeiro reclamão traz uma contradição lógica. Ele reclama do país em que se encontra, ainda assim está lá por escolha própria. Por que simplesmente não volta para casa?"

3 comentários:

Unknown disse...

Então Ricardo, deu para perceber que voce com 3 meses e pouco já conseguiu formar uma opiniao tão rica e cheia de significado sobre esse país: ìndia, que, como li no seu post, muitos estrangeiros que devem estar ha anos nao conseguiram, pois nao possuem a sua sutileza e sensibilidade. Parabens, vou passar a ler suas atualizações com mais frequencia!

Bjaçooo saudades (e ai qndo vc e brunovski vao marcar um encontro num país intermediário aee...kasaquistao por exemplo, heheh)

Ricardo Dutra Gonçalves disse...

Jessycaaaa...nossa, quantas saudades de voceeeeeeeeeee!!! De rir, fazer piadaaaasss...huahuaahua...quero ir no seu casamentooo...vem passar a lua de mel no taj mahal ;)

Unknown disse...

kkkkkkk, poxa, vou pensar se passo a lua de mel na casa da Maia!!!!kkkkk, e ai meu filho, to com saudades de mais tambem, trabalho perto da sua casa né...lembro do futuro almoço q vou contemplar lá um dia, hehehe, qndo vc aparece hein? meu casorio vai ser em junho, ainda sem data