quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A conferência internacional no sudeste asiático

2 meses, 11 cidades, 5 países, 12 vôos. Do encontro com a AIESEC no Brasil, em São Paulo aos templos budistas da Tailândia, chegou ao fim uma experiência difícil de começar e ainda mais difícil de terminar: a organização do congresso internacional da AIESEC, realizado este ano em Kuala Lumpur na Malásia.

Difícil de começar porque não é nada fácil deixar a presidência do escritório da AIESEC em Vitória, correr com as aulas na universidade, encerrar um estágio e embarcar para a Malásia, país que fica literalmente do outro lado do mundo. Mas organizar o congresso internacional da AIESEC era um sonho para mim e sentia que devia realizá-lo.

Há 1 ano quando o mesmo congresso aconteceu em São Paulo, saí do evento de abertura com um cartão postal da Malásia, com a idéia na cabeça de que no ano seguinte seria em Kuala Lumpur. Colei este cartão no mural do meu quarto. Sentia que estaria lá um ano depois. De que forma, ainda não sabia. Os meios, na época, não importavam. Foi uma daquelas sensações de completa conexão. E arrisco dizer que, na vida, é uma daquelas boas decisões que você tem certeza de que deveria tomar.

Com pressões diversas, embarquei para Malásia. Sem colocar no papel pontos positivos e negativos já posso dizer que essa foi uma das experiências mais fantásticas da minha vida.

Difícil dizer o que mais me marcou. Fatos curisosos, engraçados, felizes, tristes e sempre intensos ocuparam esses 60 dias fora de casa.

No Camboja, andando de bicicleta pela floresta onde estão os templos de Angkor, uma chuva tropical desabou. Perdido na mata, ocupada no passado por minas terrestres da guerra com o Vietnam, me agarrei na traseira de um tuk tuk e 4 vezes mais rápido, me vi acelerado no meio do transito caótico de motos e tuk tuks na cidade de Siem Reap.

Por um lado, sentia medo de o tuk tuk parar do nada e eu ser jogado a metros de altura. Por outro, a adrenalina era tanta que me fazia duvidar que essa cena estava realmente acontecendo.

Em Bangkok, me vi sem passaporte e parado pela policia a 1h da madrugada junto de outros 4 gringos (ninguém falava tailandês) quando super lotávamos um táxi, indo para as famosas ruas de prostituição que fazem fama na Tailândia.

Em Singapura, andei sem parar durante 2 dias, dividi quarto com 20 mochileiros e tive uma crise de exaustão física, com direito a ânsias de vomito e uma semana de depressão em Kuala Lumpur.

As pessoas me perguntam como foi a viagem. Segue-se um silêncio. Não sei por onde começar. Não sei o que devo contar. Sinto que tenho que agradecer. Agradecer aos meus amigos de perto ou de longe, à minha família, às pessoas do comitê organizador, a todos que encontrei na conferência. Eles fizeram essa experiência ser uma grande lição na minha vida.

Talvez me falta capacidade para escrever e transmitir valores, aprendizados, emoções. Mas arrisco dizer algumas coisas.

No geral foi uma grande experiência de aprender a lidar com o outro, uma lição sobre convivência. Já que estavamos sempre com alguém, sempre em grupos, times, amigos. Foi uma grande lição cultural, viajar pela história de países muito diferentes desafiava a minha visão de mundo: ver crianças trabalhando nas ruas do Camboja, filipinos imigrantes em Singapura, monges em meditação na Tailândia, muçulmanas em silêncio na Malásia.

Uma grande lição que aprendi com essa experiência é a de que para se fazer algo na vida que tenha impacto, seja relevante, você precisa estar apaixonado pelo que faz. Talvez isso não valha para todos, afinal as pessoas tem valores diferentes.

Outra lição é a idéia de que não temos nada além do presente. Por mais que façamos planos para o futuro ou temos boas lembranças do passado, o que realmente existe é o presente. E que estar presente exige esforço contínuo, aprendizado sobre como disciplinar a própria mente.

A conferência internacional foi fantástica. Trouxe mais de 600 pessoas de 110 países. Em dias de sessões com empresas, organizações sociais, governo e AIESEC internacional e com noites de eventos e festas. 14 dias intensos de muito aprendizado.

Almoçar com pessoas do Oceania, organizar uma festa para celebrar a cultura africana, discutir empreendedorismo e liberdade feminina com pessoas do oriente médio. Cada conversa, cada momento, era uma oportunidade única de aprender algo novo.

Da convivência com os colegas do comitê organizador às conversas de corredor com os delegados,...do apoio da equipe do hotel às preocupações com a gripe suína,...das amizades e decepções ao fantástico jantar formal...o IC foi único.

Um comentário:

Dani Barbosa disse...

Ah Rick que post lindo!Sinto tanta falta dessa paixao que emana da vida aieseca.
Sorri em ler suas aventuras e ver vc ao lado de pessoas que a muito nao vejo como o pessoal do YouCan e o Peter da Republica Checa que conheci em Paris!Mundinho pequeno esse heim!
Saudades de vc!
Beijos